quinta-feira, 19 de maio de 2011

Inequação

Sou variável
Duas vezes mais quando você
me toca
Cinco vezes mais
louca e
Selvagem
Me deixo estar
Mil vezes mais quando você
Me ama
Me amassa
Amálgama de nós
Monogâmicos
Monossêmicos
Uma vez basta
Para me fazer (cinco) sentido(s)
Ou uma em um milhão
E me desfaço, múltipla,
Maior ou igual a nós
Incógnita em suas fantasias
E devaneios calculistas
Te faço perder a conta
Se um beijo eu subtraio
E já conheço seus sinais
Sem menos, nem mais
Somos nós quando brigamos
Tão diferentes e iguais
Uma conta complicada
Você vem, tão radical
Cheio de pis e teoremas
Tentando acertar as contas
E resolver os problemas
E venho, toda senoidal,
Curvilínea, espacial,
Contornando a situação
No conjunto-solução
Resolvendo as diferenças,
Ficamos do mesmo lado:
Maior ou igual a nós,
Somos um, maiores ou iguais a dois

sábado, 14 de maio de 2011

I'm on fire when you are near me.

E tudo o que quero é chegar um pouco mais perto. É tocar na orla da sua veste, é pedir por um milagre. Quero sentir todos os dias, constantemente, esse fogo arder no meu coração, diferente de todo sentimento e emoção que possa existir por qualquer outro motivo.

Não sei explicar o efeito da sua presença em mim. Não sei explicar de onde vêm as palavras que meus lábios murmuram enquanto busco você. Enquanto estamos juntos. Enquanto descubro que a eternidade começou para mim desde o momento em que recebi você na minha vida. Ou melhor, desde que você me escolheu, no ventre da minha mãe. Desde o momento em que você me chamou pelo nome.

Nem o maior amor do mundo poderá se comparar ao que sinto quando você toca meu coração. E todos os seus mistérios só me deixam mais intrigada. Quero conhecê-lo mais, quero entender seus planos para minha vida. Você é o único com quem posso falar, sem precisar dizer uma palavra. Você é o único com quem posso ser cento e um por cento sincera, absolutamente o tempo todo. Você me entende, embora eu mesma não me entenda. Você me criou, me inventou quando eu ainda era nada. Você soprou em mim o fôlego de vida e, não importa o que digam, não vou deixar de acreditar em você.

Quero encontrá-lo todos os dias, cativá-lo mais. Quero amar seu caráter e aprender a amar com um amor de cruz - indistintamente, inconsequentemente, irrefreadamente, irrevogavelmente. Quero me derramar todos os dias, esvaziar-me de mim, para deixar você entrar.

E vou deixar você entrar. E nunca, nunca vou sair de você.

I'm on fire when you are near me.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

A epifania da confusão

É inevitável pensar no futuro. Aliás, no presente. Ou, pelo menos, nos próximos cinco meses. Sei lá.

Só porque estou me formando, parece que tenho a obrigação de ser adulta. Ou de saber para onde estou indo. Olho para os adolescentes confusos, às voltas com vestibulares e relacionamentos amorosos (ou não tão amorosos assim), e rio para mim mesma. Não, eles não sabem o que é estar em crise.

Eles não sabem, até passarem no vestibular e se darem conta de que os quatro anos passaram. Ou quase. É como andar numa prancha: a vida te empurra, você sabe que não tem escolha a não ser pular de uma vez, mas não sabe se um tubarão vai te devorar, ou se você vai sair dessa vivo, nadando, até chegar a uma ilha paradisíaca.

E me pergunto quando poderei rir de toda essa crise, como estou rindo agora da minha crise de vestibulanda. Ah, que bobagem. Adolescentes vêem o fim do mundo em tudo!

E quando o problema não é o fim, mas o começo do seu próprio mundo? E quando se tem vinte, e não quinze anos, e não há mais tempo a perder? E quando se quer fazer tudo o que puder, enquanto puder, o mais rápido que puder?

E se um amor aparecer no caminho?

Ansiedade é um sinal dos tempos. A vida não nos dá muitas respostas, e mudamos o tempo todo. Nos mudamos o tempo todo. Pessoas e circunstâncias nos mudam o tempo todo. E, quando nos damos conta, não sabemos mais quem é o estranho no espelho.

Esse medo normal, esse turbilhão de pensamentos e decisões não tomadas, esse céu indeciso e pesado acima de mim... as nuvens mudando, seguindo o sopro dos ventos em um mundo onde nada é permanente.

E as coisas vão acontecendo. As nuvens continuam a mudar. Ainda não sei o que pensar, nem o que ser, nem para onde ir. Nem sei se saberei. Ou, talvez, eu só saiba quando já estiver lá. Sem saber como, nem por que. Só sei que, haja o que houver, estarei lá. De um jeito ou de outro.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Eu voltei!

Sim, voltei. Para vocês e para mim.

Andei meio desanimada, mas os poemas que fervilham na minha cabeça não me deixam dormir direito... e cansei de perder ideias sentada no ônibus, na carteira da faculdade, cozinhando, dançando.

Pois é, aprendi a dançar, por falar nisso.

Nesses, o quê?, dois meses de ausência e blogcídio, deixei de escrever, mas não deixei de pensar. Não deixei de sentir, nem de imaginar o que poderia acontecer se eu tivesse feito mais um poema, se eu tivesse escrito mais uma ideia...

Um escritor fica muito solitário sem suas ideias. A vida é tão cheia de palavras, palavrões, palavreados... Talvez seja isso o que dá um pouco de sentido.

Enfim, devia ter escrito um bilhete que fosse para me despedir. Não que eu me considere, assim, tão imprescindível. Mas quem é que não gosta de drama? Eu sou assim, e você também. Você se faz de durão, mas, no fundo, no fundo, quer é ver o happy ending clichê daquele filminho bem água-com-açúcar que você adora. Finge que não, mas adora.

Eu, por exemplo, tento me conter quando penso em quanto adoro você, meu bem. Não você, leitor. É de outro "você" que eu falo. Você não faz meu tipo, não. Ei, eu tô falando com você, leitor!

Enfim, voltei. Não por mim nem por ninguém. Estou me contradizendo, eu sei. Mas o texto é meu; é por isso que tenho um blog. Continuo não sabendo HTML, escrevendo uns textos bons, outros ruins, tocando violão quando dá e poetizando, eternamente, totalmente.

É tarde demais para parar.