sábado, 25 de dezembro de 2010

Uma grandessíssima bobagem

Tornar-me uma marca na vida das pessoas tornou-se minha mais recente obsessão.

Não estou falando de me tornar um Gandhi, nem de fazer o mundo todo chorar com minhas músicas no aniversário de minha morte. Ok, talvez a última ideia fosse bem comovente. Mas tornar-se uma marca não se limita a isso. É algo que a gente não sabe como, nem entende bem como funciona ou como isso vai acontecer, mas a gente, simplesmente, se torna aquilo. Sem perceber.

Ou, talvez, a gente precise passar por uma certa mudança. Se continuarmos em nosso cômodo individualismo, nesse ostracismo confortável e inerte, é meio impossível que as coisas aconteçam. Qualquer coisa. É tão mais seguro e deliciosamente comum fazer apenas o que estamos acostumados a fazer, falar apenas com quem costumamos falar, ou, simplesmente, não falar com ninguém. Ninguém sai ferido, ninguém precisa pedir perdão. Ninguém sai de casa, ninguém morre atropelado, nem é assaltado. Ninguém anda descalço, pra não pegar resfriado ou tropeçar numa pedra. Ninguém come chocolate demais, pra não ter dor de barriga, nem engordar.

E a vida passa, e passa, e passa. E termina do jeito que deveria terminar: a lápide, as cinzas e os ossos debaixo da terra. Fim de jogo. Pode ir pra casa, agora.

Ninguém te notou. Meia dúzia de pessoas chorou sua morte - o que, veja bem, é diferente de sentir sua falta, e não significa que o fatal fato vá fazer alguma diferença. A vida continua, com ou sem você. Não que não devesse ser assim. Mas o mundo, a sorte e o destino continuam seguindo seu curso. Não, você não fez, nem faz, nem fará a menor diferença. Tarde demais.

Ah, o destino. O destino que você não desafiou. Conformou-se a ele, apenas. "Deixa a vida me levar!". Será? Será que, se você não tivesse feito um pouco de esforço para que as coisas mudassem, não para você, mas para a vida dos que você ama, ou dos seus inimigos, ou dos que você nem conhece, ou dos que sofrem, ou dos que não sentem nada (como você), as coisas não teriam sido mais extraordinárias?

Falar é fácil, e minhas palavras são bonitas. Mas minhas mãos são estéreis.

Você já viu um milagre? Eu já.

Mas e se você fosse o milagre?

Sem demagogia, sem lição de moral. Se você não quiser, eu quero. Não quero passar pela vida sem ser lembrada para sempre, para dizer o mínimo. Ser lembrada por pessoas que virão depois de mim, depois das que me conheceram, que me farão conhecida por meio da falta que farei. Não sou melhor do que ninguém, nem mais especial, muito menos merecedora disso. Não falo de glória. Quero dar frutos, que darão sementes, que formarão uma floresta.

Quero ser uma epidemia. A cura do câncer da alma. Quero ser a dor e o perdão. Quero ser a voz, o grito. Quero ser a mão amiga, o disparo do coração, o choro, o susto. Quero te fazer cantar. Quero que você pare, de uma vez por todas, de ficar aí parado. Quero ser o tomate esmagado na cara do político. Quero ser o raio de sol que incomoda o teu sono, que interrompe o teu escuro, que te cega. Quero desafiar as leis da Física. Quero chover, trovejar, florescer e nascer de novo.

Eu só quero conseguir salvar uma vida. Uma alma vale mais do que o mundo inteiro.

Só quero aquilo que me disseram que não posso. Eu quero o sonho de Martin Luther King, de Gandhi, de Lennon, de Joana D'Arc. Só quero provar que a Humanidade ainda vale a pena.

Eu quero liderar um exército de loucos.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Balanço geral

2010 foi um ano estranho. Difícil. Mas incrivelmente surpreendente. E bom.

Descobri que não estou sempre certa, e que as pessoas não precisam concordar comigo naqueles dias em que o café está um pouco amargo, e que meu gênio está ruim. Tomei decisões por mim mesma. Contrariei o óbvio, andei descalça, desconfiei do meu extremismo. Aprendi a ser mais humana, a entender meus erros. Já pedi muito perdão por pecado que não cometi. Agora, sei que ser humano traz um pouquinho de saúde e cor às bochechas. Perdi amizades, ganhei amizades, fortaleci amizades - algumas até se transformaram. Reencontrei, desencontrei, apaixonei, desapaixonei. Fiquei a ver navios, mas, como já estava na beira da praia, aproveitei para lavar os pés.

Entendi que podemos, mesmo, esperar tudo das pessoas. E nada. Estudei como nunca, dancei como nunca, chorei como nunca, ri como nunca. Cantei - tão cruel, tão doce, tão anjo e tão águia. Achei que tinha as respostas, mas, quando dei por mim, só havia mais perguntas. Troquei noites por dias, luas por sóis, amanheci, anoiteci. Mandei muitas cartas. Fiz mais declarações de amor aos amigos mais caros. Tomei banhos de chuva, deixei o cabelo crescer, cheguei nos vinte e - caramba, será que agora sou uma mulher de verdade? Escrevi mais - e menos. Deixei vocês esperando. Li poucos livros legais, e criei mil histórias que não escrevi. Olhei nos olhos, deixei-me encantar. Meu coração ardeu, partiu-se, restaurou-se. Ouvi a voz da Razão, segurei na mão de Deus. Toquei mais violão.

Enfim, nada saiu como planejei. Mas tudo saiu melhor do que eu jamais esperaria. Ainda estou tentando entender o que foi 2010. E não posso evitar pensar no que 2011 se tornará.

Feliz Ano Novo. Surpresa, surpresa, surpresa.

***
Gente, é provável que, em breve, o blog passe por algumas mudanças para o ano que vem. Prometo que farei o possível para voltar atualizá-lo frequentemente. Lá vem coisa boa! Vocês vão gostar! Tenham um pouco mais de paciência.

Feliz 2011, e venha o que vier!