sexta-feira, 27 de junho de 2008

Beijando sapos


Para o Tudo de Blog

Esses terríveis espécimes anfibianos com alma canina têm uma astúcia impressionante. Sabem ser felinos e ronronar ao pé-de-ouvido de princesinhas inocentes, carentes e indefesas, que acabam se compadecendo desses pobres predadores e dando-lhes beijinhos, crentes de que, puf!, virarão príncipes instantâneos. Dias depois, a carruagem vira abóbora, e lá estão os saponildos de novo, cantando outras coaxadas para outras patinhas caírem de amores. As princesinhas, então, choram copiosamente enquanto se afundam num pote de sorvete assistindo 'Gossip Girl', porque descobriram que conto de fadas não existe. E se prometem, para todo o sempre, nunca mais se deixarem encantar por sapos. Mas é só aparecer outro sapo, que elas vêm correndo alucinadas. E o "era uma vez" continua a se repetir.

Por isso mesmo é que eu digo que, de anfíbios, quero distância. Essas princesas de hoje em dia são muito bobinhas. Prefiro, nessa história, ser a fada madrinha, que, pelo menos, dá bons conselhos e não cai em conversa de sapo nenhum!

Tecnologia (da raiz às pontas)


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Capricho pergunta: "que invenção tecnológica ainda faz falta à sua vida?"

O que eu sempre sonhei que pudesse existir é uma "Super Cabelereira Instantânea Tabajara" (ou ACME, se for importada), pra que eu pudesse passar do batidinho curtíssimo com mechas fosforescentes ao mega-hair em menos de quinze minutos. Ir à faculdade cada dia com um cabelo diferente, arrasar com as modeletes de comercial de shampoo, bater muito cabelo na pista de dança, gritar para o mundo: 'Meu cabelo BALANÇA!'. Já pensou? (até rimou!)

É. Eu devia ter prestado Engenharia pra tentar criar essa engenhoca. Vou ter que ficar na tesoura-e-pente mesmo. Ô vida ingrata!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Ausência


Queria que você estivesse aqui. Eu realmente queria ver e sentir mais do que me é possível agora. Queria segurar suas mãos e brincar com os dedos entre elas. Queria beijá-lo no rosto para ver o jeito como você sorri depois disso. Queria os mesmos olhos do primeiro encontro, do primeiro abraço naquela praça de luzes. Queria a delícia da simplicidade das nossas palavras (ou da ausência delas). Quero ouvir seu riso ecoando pelas esquinas, pelos meus sonhos mais desconexos. Você os faz ter sentido.

E eu me lançava pela estrada, a cavar pelo ar, percorrendo gramados infinitos, cruzando rodovias, engolindo as lágrimas que a tua ausência faz brotar.

E eu me deixo ir... Eu me abandono ao viver, ao amar, ao sentir, ao dançar sozinha, ao me perder nos acordes de um violão. À minha própria existência. E eu sorrio doído, e engulo a seco, mas não me deixo sofrer. Ainda me conforto. Sei da ciclicidade e da efemeridade das coisas. Mas o amor não é efêmero. Prosseguimos tão mais juntos, tão mais unidos a cada légua de distância, a cada passo, a cada jarda, dentro de bosques e cidades.

Mãos entrelaçadas, faces coladas, sorrisos arrancados, um amor. Amor. Sacrifícios não custam nada quando se tem um grande amor. E o tempo nunca é longo demais quando um olhar está à nossa espera. Nunca.

[escrevi ouvindo Dare you to move - Switchfoot]

Sub-letteri


Escreve. Cala a boca e escreve.


As palavras me pilotam como a um trem desgovernado, à batida da batida perfeita, mortífera ou vital, imprevisível e surpreendente, da qual sangrarão letras enigmáticas, cadafalsos dos poetas apaixonados, dos marinheiros naufragados, dos desatinos do espírito.


Uma orla rasgada no vestido de cetim. Era novo. Era de festa. Era pra hoje. A realidade de um conto de fadas. O ar me quer rasgar o peito, o peito quer bordar para si um coracão. Processo dolorido, vital e imprescindível.


E eu sigo voando, voando pelos trilhos de uma terra já explorada. Nenhuma surpresa, nenhum mistério a desvendar, nenhuma mocinha a resgatar. Mas a expectativa continua lá, a sangue-frio-treme-boca.


Sonhar é pouco para mim. Deixa eu me sujar de batom, me tingir de terracota, me entrelacar nas sedas e nas tranças e nos lábios, ir morar nas casinhas de botão. Hoje. Somente hoje preciso ultrapassar a barreira do sonho.


O futuro é previsível como um trovão. Ainda assim me rio, porque relampeja e me alumia as idéias. É em sua direção que eu corro, num trem cujo rumo se desconhece, mas cuja fugacidade me faz mover com toda a força da alma. Ele pode ser quente demais, frio demais, ou só um recorte amassado de papel laminado. Mas, certamente, será incrível. E eu hei de sair viva de lá. Ou, tão-somente, eternizada.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Coisa de pele...


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A paixão chegou, e, com ela, mil e uma loucuras desmioladas. Sem muita certeza do que quer, mas crente que, com isso, a paixão possa virar amor, a menina vai lá e tatua, em letras garrafais, o nome da paixão "forerva".

Três meses depois, vem o toco, trazendo com ele o arrependimento danado de ter marcado sua preciosa cútis de comercial de hidratante com o nome de um traste que ela desejaria nunca ter conhecido. E, pra tirar a "desonra", não custa nada baratinho...

Pra provar que ama, não precisa marcar a pele. Essa marca é quase invisível, só perceptível por você e por ele, pra que vê fundo, bem fundo, o sentimento desenhado dentro do coração. Quer maior demonstração de amor do que essa?

sábado, 14 de junho de 2008

Não se põe à mesa, mas se come com os olhos...


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Aquele papo todo de beleza interior é muito bonito e eu concordo. Pena que tenha virado clichê, e as pessoas o repetem o tempo todo, sem nem saber do que falam. Entretanto, o que temos aqui é realidade, e as coisas nunca funcionaram como no filme "A Bela e a Fera", infelizmente. Vivemos em um mundo tão hipócrita que é quase impossível para a maioria olhar só para dentro (já dizia o poeta que "é o maior desperdício"). Há pessoas inteligentes, carismáticas, talentosas, boas de verdade no que fazem. Mas isso nem sempre é o suficiente para abrir todas as portas de que precisamos. Num planeta de aparências, beleza tem sido um critério de peso nas oportunidades, e a competência e o conteúdo são deixados em segundo plano. Daí acabam caindo na real, vendo que não fizeram um bom negócio, e vão atrás dos não tão bonitinhos, não tão engomadinhos, não tão sedutores, mas com um pouco menos de maquiagem na cara e um pouco mais de cérebro na cuca. Finalmente perceberam que as belas violas se emboloraram por dentro... Isso, vai nessa. Julga pela capa. Depois não diga que eu não avisei.