quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Pequenas revoluções sem pé nem cabeça.



Emaranhando, prossigo

Desperdiçando revoluções

Falar, cantar, gesticular

são sentidos tão duplos...


A minha fala tá solta

Na tua língua brasuca

A minha música ainda toca

na tua rádio- relógio
paródia, melódica...



Meu melodrama acabou
Agora escrevo é romance

Uma rajada, nuance
de personalidade própria


A cantoria estala
nos ouvidos do velho
que está sentado na praça

do outro lado do mundo
do outro lado da história


E os meus gestos são loucos
Digressivos
de profundeza de alma

de um mimetismo fantástico
de absurdos contidos


Eu extravaso entre céus
Agora eu era quem eu queria

Agora o sonho de infância

Calçava pés grandes demais

[sonhos são tão reais...


Volatizarei-me.

Agora eu era vapor livre

Lacrimejante em contato

[com a superfície flamejante
com a anedota de fada
enfadada, fadada a viver enraizada

dentro de um livro]


[E a menina do computador já falou demais por hoje.]

sábado, 27 de outubro de 2007

Mãos.


Pare um minuto de ler este texto. Aliás, nem comece. Olhe primeiro para suas mãos. Analise-as. Cada ruguinha que for possível, cada centímetro de pele, cada mancha, cada linha...


Agora, pense no que suas mãos têm realizado. Não são apenas mãos: são suas atitudes que se projetam nelas, é uma história que está impressa em suas digitais. Mãos. Instrumentos de obras e pensamentos, que servem para abençoar e levantar caídos, mas que também podem destruir e ferir.


Mãos. Guias entre florestas de teclas alfanuméricas, socorro, alimentos ofertados, lágrimas e suores enxugados, mas também espadas levantadas, pedras atiradas, tapas e socos. Raios de pensamentos, canais de atitudes, ações, reflexões, coceiras, proteção. Mãos.


A alma se reflete nos atos manuais. O quê temos feito com nossas mãos? O que nossas mãos fazem de nós? Teremos orgulho de deixar nossas digitais carimbadas na História? O quê estas marcas lembrarão? Um passado desonroso ou uma promessa de futuro?


Lembre-se: a maior e mais importante marca foi deixada nas mãos daquele que dividiu a História: Cristo. Suas mãos marcaram uma humanidade inteira, que foi redimida através dos cravos em suas mãos.


E você, que tem o futuro em suas mãos? O quê fará dele?

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Meu outono

O outono é meu, e troco de folhas, e dou frutos, e mudo constantemente, mas sempre mantendo minha essência. Deixo o vento levar para longe a pilha de folhas secas da alma. Deixo chover, lavar, molhar, escorrer pelo corpo todo esse poema liquefeito além da meta e da física. As folhas dançam ao meu redor.

Espero a chuva cair nas minhas costas, no meu rosto, na minh'alma, amolecer, fertilizar, purificar... Ungir meu ser, uma promessa. Sonhos que estão por vir e que meus olhos nunca viram, nem ao meu coração chegaram. Coisas grandiosas demais para um só sentimento.

E eu sou toda emoções razoáveis, racionais, tropicais. Essas gotas de trópicos trôpegas travam tréguas atrevidas, atravessam trovas e trincas. Tra-tra-tra... Canta seu titilar nas janelas. Já dizia Alberto Caeiro: "Sei a verdade e sou feliz".

E festejo a chuva de outono como se mil primaveras explodissem, estourassem, simultâneas, semeando trovas. Canta o trovador. As canções são tão voláteis, e a música é muda. Eu me torno uma nova planta, mais fortalecida, mais vivida neste outono passageiro e serôdio.

O tempo passa; tudo gira tão devagar... Mas nada é efêmero no alvorecer de uma nova primavera. O inverno não existe; foi-se o tempo de semear, e os frutos continuam nascendo. Uma alma fecunda, nova, viva! E a vida renasce, como uma fênix. Já posso voar, como as aves de verão, através das estações da minha vida.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Pseudotexto sobre NADA.


Eu poderia dizer tantas coisas, sentir tantas coisas, pensar tantas coisas, fazer tantas coisas, e tantas outras coisas. Mas eis-me aqui. Escrevendo. E mãos à obra!


Eu poderia escrever sobre futebol, sobre notícias, sobre minha vida pessoal, sobre sentimentos, amizade, amor, coisas bonitas ou sobre a História do mundo. Mas não. Eu não escrevo sobre. Eu apenas escrevo e sinto. É a minha metalinguagem.


Poderia também falar sobre algo tão programado... Mas só consigo falar sobre o que me vem à cabeça: botões, flores, espelhos, jogos, manias e trecos, e mais qualquer coisa que, ah, sei lá. Mas as palavras acabam me dominando; sua fugacidade é incrível, e eu só tenho que me submeter a cada uma delas.


... e se eu escrevesse sobre NADA? Seria eu aceita? E se eu escrevesse um texto sem palavras, mas que trouxesse grandes reflexões da alma e da humanidade? E se... e se...









(...)












Creio que não foi possível. Tenho ainda que descobrir a fórmula ortográfico-semântico-morfológica de como escrever sem palavras. Escrevi tanto, tanto, tanto... um texto sobre o NADA. Tantas palavras, que se tornaram apenas intenções de ser textos.


sábado, 20 de outubro de 2007

Sem crédito.


- Aloam?

- Quem fala?

- Quem tá falando?

- Aff... Você tem três chances pra adivinhar.

- (func) É o Papa.

- Fala sério!

- Hum, tá, garanto que é cobrança. Ou meu nome tá indo pro SPC. Ou, sei lá, a fatura do cartão estourou...

- Puxa vida, um nome! Você não tá me reconhecendo, Debbynha?

- Ah, eu odeio que me chamem assim!! Ninguém me chamava assim desde o colegial!!

- Pois é, desde o colegial eu não falo com você. Achei o seu número assim, por acaso, num cantinho rabiscado da porcaria do meu caderninho de endereços antigos...

- Uai, você me conhece? (cospe o chiclete)

- Se te conheço? Hahahahahahahaaaaaaaaaaaaaaa... 'Cê acha que não?! Fia, sou eu! EU, lembra?!

- Ah, é você?!

- Sim, eu mesmo!

- VO-CÊÊÊÊ???!!

- Em carne, osso, e voz de barítono! Eu sabia que você se lembraria!

- (silêncio, outra fungada) ... E quem foi que disse que eu lembrei?!

- Ué, mas eu pensei...

- Pensou errado, palhaço!Olha aqui, eu estou muito bem, obrigada, juro que não sei com quem estou falando, e acho até que já perdi tempo demais gastando saliva com um anônimo desocupado recém-fugido do hospício!! Agora, se me dá licença...

- Ô, peraííí! Você precisa lembrar! Na época, eu usava uniforme da escola e jogava futebol no recreio...

- Nossa, que novidade! Nenhum dos meninos que eu conheci costumava fazer isso!! Geralmente, eles ficavam sentados conversando sobre vestidos e maquiagem... Acho que você é um prodígio!

- Engraçadinha! Mas eu costumava me destacar...

- Já sei: como o mais panaca, não é mesmo?!

- Ô, mulher brava! Você não era assim quando eu te conheci... Já o Vesguinho...

- O quê?! Você lembra do Vesguinho?!

- Há, lógico! Lembro também que você era paradona na dele...

- (ruborizando) N-n-não era, não! Lógico que não! Aliás, eu não te dei liberdade nenhuma pra falar assim comigo! E saiba que sou muito bem casada, seu... seu... desconhecido!

- Mas será o benedito que você ainda não se lembrou de mim?! Eu sentava atrás de você no segundo ano. Atrás de você, lembra?!

- Deixa eu ver... Atrás... hum... (longo silêncio) Peraí!!! Ei!!! Você não é o...

- Isso mesmo, o ... tu...tu...tu...tu..tu...


Moral da história: O crédito sempre acaba na hora errada!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Sem nexo.

Adormeci na velha grama, num chão de giz, no meio de uma nuvem. E senti como se meu corpo se desmaterializasse.

Os olhos estavam pesados, o sol morno me dava uma comichãozinha chata e gostosa. Adormeci sob o céu nublado.

Fui a um lugar sem fim nem começo. As coisas pareciam estar fora do lugar. Meus pés não tocavam o chão, molenga, mesmo estando neles. As mãos conseguiam tocar o céu. Parece espuma e é gelado, brrrr! E eu era gigante.

(mas será possível?!)

A rua era feita de grama, e a grama, de asfalto. As pedras eram de água, e a água era empedrada. E eu conversava sobre a vida com gaivotas listradas. Eu estava na Cidade dos Sonhos.

As minhas mãos. Tinha algo nelas que me intrigava, e eu não sabia explicar o que era, mas elas pareciam ter vida própria. Elas esculpiam as labaredas de fogo de um pequeno vulcão, onde eu pude aquecer um pouco meus pés cansados. Cansados de não tocar o chão.

Sensações. E a vida corria e escorria, cantava no regaço de uma cascata de areia cristalina. Eu escutava as margaridas cantando, e rebolava junto às árvores dançantes. Era estranho, mas como me diverti!

Chegava a hora de despertar. Senti comichões de novo. Uma vontade tão grande de rir, que comecei a chorar. Queria voltar àquela cidade mais vezes. Senti que meu corpo se materializara de novo.

É tudo tão engraçado. Tão engraçado. Tão engraçado.

Esfrego meus olhos. Pingos d'água me despertaram. A noite caía, e eu nem percebi. Já é hora de voltar para casa, para o mundo, para as velhas obrigações da Cidade de Concreto.


terça-feira, 16 de outubro de 2007

Soneto Estapafúrdio!


Entre ficar e partir

Há algo que ainda não se entende

Que é quando a gente

Cisma de decidir


Espalhou-se pela grama

E rolou um riso gostoso

Preguiçoso, caloroso

Escaldado, bacana


E eu, que decidia

Mais ainda me divertia

Entre o ir e o ficar


Decidi me arriscar:

Tentei fazer a dobradinha

E não saí do lugar!

domingo, 14 de outubro de 2007

Diferenças.


Por que será que somos tão complicados e, às vezes, não conseguimos sossegar o facho e engolir um sapo? Por que é tão difícil conviver com as diferenças? As pessoas que amamos nos dão tantas alegrias, nos fazem tão bem, mas, por muitas vezes, os atritos são inevitáveis. Afinal, são pessoas e personalidades completamente diferentes entre si, e, por mais que o sentimento que as une seja infinitamente maior, as brigas acabam acontecendo. Não por uma, duas vezes, mas por muitas. E não há nada de anormal nisso.


O problema é que, depois de uma briga, acabamos nos sentindo um lixo por dentro. As lágrimas rolam (ou não), a alma dói, a respiração parece tão difícil, o coração parece ter se estraçalhado. "O que foi que eu fiz?"


E tudo se torna tão deserto, tão triste, tudo parece nem ter mais cor, e você se sente a pior pessoa do mundo por isso. E você quer se desculpar, e anseia desesperadamente por resolver logo as coisas, e por não brigar mais com ninguém (como se isso fosse mais uma daquelas resoluções frustradas de Ano Novo).


Mas aí... aí vem a conversa. Aquela dura, em que você chora, fala um monte de verdades doídas e escuta o que não quer, mas que é mais do que necessária. E que, pelo menos, esclarece as coisas. É o momento crucial de qualquer relacionamento, seja com os pais, com os amigos, ou com o companheiro. Mas funciona.


Entretanto, por maior que seja o orgulho, o ressentimento ou o motivo da briga, há uma vida compartilhada. Há amor. E este nobre sentimento faz com que todas estas coisas sejam apenas detalhes presentes em qualquer relacionamento. Afinal, nem tudo são flores, um relacionamento não é uma utopia, e nem tudo é como a gente quer. As flores têm espinhos, e os jardins têm pedras e insetos. E isso não quer dizer que não há mais saída. Pelo contrário: o amor e o perdão são a saída. E o abraço reconciliador se torna inevitável. "Perdão!"


Um grande amigo me disse que é nas brigas que verdades são ditas. Afinal, não adianta passar a vida inteira comendo feijão com jabá só para não chatear Sicrano. Verdades precisam ser ditas, mas com muito cuidado, pois são como facas: podem servir tanto para cortar os defeitos de um relacionamento quanto para ferir.


Perdoe. E não desista. Que ama NUNCA desiste.

sábado, 13 de outubro de 2007

Absurdos...


Menina, quem és?

Sabes o que te importa?

Sabes o que é um coração?

Sabes alguma coisa da vida?


Pois eu sei

Que te importo bem

Que o coração me roubaste

Que a vida é uma grande aventura...

...uma grande lição

...e aprendê-la é difícil.


As flores ainda são as mesmas

Mas tu... mudaste tanto!

Os teus cabelos continuam bagunçados,

A tua eminência ainda me subordina...

Mas tu'alma tresmalhou-se, gris.


Um lilás de mancha nos olhos

Um mistério tão óbvio

E uma personalidade tão metabólica...

tão teórica... meteórica...


A neológica de tua feminilidade

Faz com que dias-e-noites se tornem intrigantes

incomuns

fluorescentes

incandescentes

decentes, flutuantes...


[um entreolhar entre as entrelinhas]


As cerejas continuam no pé

No Japão, meia-noite, meio-dia e meia...

As estrelas são filhas de Luas cósmicas

E os argonautas encontraram cinco velocinos

[de cada vez

era uma vez uma menina]



Feliz... Feliz para sempríssimo!


sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Ócio (ou como o chato pode ser divertido)


Mais um feriado sem ter o que fazer. Eis o mal do ser humano: a insatisfação. Anseia-se por uma folga e, quando ela chega, reclama-se do ócio por ela proporcionado. E aí o sujeito começa a rolar de um lado para o outro na cama, entrar freneticamente na Internet, ou dar longos e irritantes bocejos. Os amigos? Viajando. As atividades? Canceladas. As tarefas do cursinho? Já fiz todas. Então... o que sobra para fazer?


Isso mesmo: NADA!


Sonhei tanto com este momento, de poder descansar, de ter umas mini-férias só para mim, de jogar o dia inteiro fora me acabando de dormir... Mas quem disse que consigo?! Acostumei-me demais às ocupações seculares. Já dizia o rei Salomão: "é como correr atrás do vento". E, nos dias mais ociosos, onde não há vento nenhum para contar história, procuramos desesperadamente por um ventilador.


Afinal, como comprovar minha tese? Como o chato pode ser divertido?


A resposta é simples. O ócio deveria ser muito mais aproveitado por nós, não como mais um dia comum, ou mais uma oportunidade corriqueira de arrumar a papelada do escritório, ou estudar para o vestibular. Afinal, isso é o que fazemos todos os dias! Temos que considerar os feriados como "mini-férias" e aproveitar para morgar o quanto for possível, fazer uma viagem, ler um livro ou dançar sozinho no quarto. Nada pode ser tão chato e rotineiro quanto um dia comum.


Por isso, siga o "Carpe Diem" com toda a sua essência e APROVEITE O DIA!

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Quadro negro.




Rios não ruíram, nem pararam.



Permaneço exatamente onde estou.



Sei onde posso chegar, e não quero parar.



Os rios não param; eu também não.






Os espaços geográficos são pequenos demais para mim.



Em minha ínfima pequeneza...



Na minha própria natureza...



Inglesa do Brasil.






Janelas são espelhos, e corro pelos países



De maravilhas, espetáculos e artes mil...



Quem fui é reagente do que sou;



A minha química é indecifrável.






Ações reagem reflexivamente



Em movimento uniformemente variado.



Num circuito eletromagnético,



Acho que perdi a razão!






Se, em palavras, há coesão,



Refarei a oração



que não se subordina a nada;



Adversativa, adverbiada.






É no compasso do triângulo



Que executo a rotação,



logaritmando poemas



Invertendo a fração.






E, na escola da vida,



Acho que até perdi a conta



Do quanto se deve aprender...



Do quanto se deve ensinar...






Detenções não podem deter



Aquele que está por fazer



Um futuro grafitado,



esquadrinhado, aprovado, graduado!



quarta-feira, 10 de outubro de 2007

εϊз Borboleta εϊз




εϊз Ei, não tenhas medo. Ainda há um pouco de sol lá fora. Tu nunca saberás como são seus raios, se nunca saíres de onde tu estás. A vida é assim mesmo, as coisas acontecem não apenas contigo; elas podem dar certo, mas também podem se esvair pelo ralo... εϊз

εϊз Criança, não te apavores. As coisas não são fáceis. A vida é dura por fora, mas tem recheio de chocolate, se tu quiseres. A simplicidade das coisas pode ser encontrada na força que eu sei que tu tens. Não desistas de ti mesma! εϊз

εϊз Aprendiz, não te desesperes. Ainda não és borboleta; és larva, mas teu desenvolvimento se completará em tuas provas. A resistência e o movimento de que tu precisas está em teus ombros e em teu coração. Tu bem sabes que podes alçar vôos incríveis com a leveza de tuas asas. εϊз

εϊз Homem, não queiras abraçar o mundo sozinho, e nem carregá-lo sobre teus ombros. Não daria certo. És um só, e és humano. Entretanto, podemos abraçá-lo por inteiro se o fizermos juntos, dando-nos as mãos, entrelaçando nossos braços, e com um olhar firme, que mostre nosso caráter de alma. εϊз

εϊз Levanta-te! Sai deste casulo! Cria coragem, e vê que a vida não é um empreendimento impossível. Embora não haja potes de ouro em fins de arcos-íris, nem tudo está perdido. Tu ainda podes vencer. Há uma medalha no teu peito, que te foi predestinada quando nasceste. Precisas crer nisto! εϊз

εϊз E, se ainda assim, as lágrimas molharem o teu rosto, estiveres sozinho, e te faltarem a força e a coragem, não tenhas medo. Deus está sempre do teu lado. Basta que te achegues até Ele; Ele te suportará, te aconselhará e te cobrirá com suas asas, e tu poderás descansar tranqüilo, planando, e esperando pelo amanhecer de uma nova primavera. εϊз



"É preciso que eu suporte duas ou três larvas, se quiser conhecer as borboletas."- Antoine de Saint-Exupéry

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

$


Descobri uma coisa sobre o meu modo de escrever e de ver as coisas: este não é daqueles blogs em que eu conto tudo o que acontece comigo, ou o que eu fiz no decorrer do dia. É um blog no qual eu exponho IDÉIAS. Apenas idéias, e uma filosofia maluca da rebimboca da parafuseta. Mas que me faz pensar mais ainda sobre minha metalinguagem.


Um abrir de olhos, um capital. Cifras não produzem música em mundos cor-de-rosa. O verde não é da bela mata virgem. É o verde da grana. O verde da desgrama. O verde desmatador, matador, atador. Atou as mãos dos que podiam fazer algo útil à humanidade. E a Terra está fadada a se tornar uma bola incandescente, ou uma frigideira ambulante.


But time is money, oh, yeah. O show biz precisa de mais atores com vidas de plástico para garantir as aparências e a política (ou será politicagem?) do "Panis et Circus" come solta. O que importa é encher barriga de pobre com sobra de burguês, para que estes últimos continuem sentados em pilhas de ouro e usando dólares como papel higiênico. "É para quem pode, e não para quem quer", dizem os velhos capitalistas mimados e rabugentos.


Não estou dizendo que sou totalmente marxista. Mas Marx teve ao menos um pouco de sensatez ao propor a igualdade de classes e tomar as dores proletárias. Infelizmente, aconteceu como se apenas a vertente socialista utópica existisse, coisa que seria impossível e financeiramente insustentável numa era capitalista e competitiva. "Quem pode mais, chora menos" é o lema do velho Patinhas, com sua predestinação calvinista para se dar bem a qualquer preço. Preço de dólar, petróleo e, quem sabe, umas gotinhas de sangue. Ele não sairia prejudicado mesmo... Pagar propina, também, não é problema. TODO O MUNDO FAZ.


Cifras não produzem música em mundos cor-de-rosa. Produzem vertigens capitalistas em um mundo cinza, sem quase árvore para contar história. Que história, mesmo? Ih, prefiro nem lembrar.

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Você sabe o que é o amor?



As noites eram frias, e os dias eram longos. A vida não tinha graça nenhuma. A piada era contada, e ninguém ria de nada. As palavras não faziam sentido, a música era muda. As mudanças não faziam diferença alguma. O céu estava sempre nublado.

Assim é a vida sem o amor. Sem o tempero, sem a lágrima que dá sabor à vida. Sem o sorrir, sem o alvorecer, sem o verdejar do meu jardim secreto. E nada acontece de novo, e os dias são apenas vinte-e-quatro horas arrastadas, sacrificadas, dilaceradas. Mas o amor?

O que é isso? Você sabe o que é o amor ou, até agora, só experimentou a falsidade e o sofrimento de paixões passageiras, fugazes, vorazes, que arrasam corações, deixando-os em um êxtase cego, para, depois, criar uma cratera dolorida?
O amor é o que falta no coração de todo o mundo inteiro. O amor é o que falta no giz-de-cera que pinta esse planeta. Não se resume ao inigualável soneto de Camões, nem a frasezinhas que garotinhas de doze anos escrevem em seus caderninhos. Não. O amor é mais. O amor é indescritível, indestrutível, imprescindível.

Não é fácil falar sobre ele, pois só sentindo para saber. É um sentimento verdadeiro, inconfundível, nunca sentido antes; arrebatador, mas terno; forte, mas sem usar a força.

O valor de um amor está em sua conquista diária, em sua ternura, em sacrifícios também. Deixar o egoísmo de lado, deixar defeitos, orgulho, ignorância, preconceito, paradoxos, dogmas, sofismas, o lixo interior, ter muita paciência, para, então, poder afirmar, com toda a certeza, que amamos. Afinal, o amor não está do lado de fora. É algo muito mais profundo.

Pobres os que limitam o amor a beijos e abraços. Mal sabem que o amor é algo muito mais valioso; um sentimento que faz com que possamos abrir os braços e despejar de um penhasco todos os nossos desejos egoístas e insinceros; que faz com que ajudemos as pessoas que amamos, independentemente se isto não nos trouxer nenhuma "conveniência" ou recompensa; que faz com que nos interessemos de verdade pelas pessoas, não importa o que aconteça.

O amor faz com que alguém seja capaz de se entregar totalmente por uma outra, mesmo que essa não corresponda. É o amor "Ágape": incondicional, consciente, que não depende de reciprocidade. "Amo porque amo". Simples assim.

Conheço alguém que tem o amor maior do mundo, que transcende todas as barreiras, puro, que dissolve toda sorte de iniqüidades que já tenhamos cometido. Esse amor é o de CRISTO. Como pode alguém que eu nunca "vi" com os olhos naturais dar a sua vida desta maneira, numa cruz, coração dilacerado, carne trespassada, entregue totalmente por amor? Preço de sangue. Por nós, que não temos o mesmo amor que Ele foi capaz de mostrar. Nós. Nós, que não valemos nada por nossas atitudes erradas. Nós, que carecemos de amor e misericórdia, coisas que muitas vezes não somos capazes de demonstrar uns aos outros.
Amor. Tão singelo, tão simples, tão-somente amor. Amo porque amo, e ponto final.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Me dá o meu presente?!



Às vezes, eu paro e penso (derr lógico, sou um ser humano; penso, logo existo!). Penso na vida, no futuro, nos bons momentos passados... Mas tão pouco no presente! Este tempo exato em que vivo, esta bolha de ar que respiro, este cacho tapando meu olho que eu, cuidadosamente, ponho de volta atrás da orelha... PRESENTE! Um prêmio que eu ganho neste exato momento, e que eu muitas vezes deixo de lado.

Ah, como é bom, como é bom lembrar do passado e do futuro, que nem veio ainda, mas que a gente já tem montadinho feito quebra-cabeça na nossa mente: um diploma, um casamento, filhos, livros a ler ao longo da vida, coisas para fazer antes que ela acabe. É assim que, muitas vezes, nós vivemos. Planejando, ou repensando: saudades da pessoa amada, dos amigos, daquele acampamento legal, lembra?, da lasanha de domingo... Mas e o presente? Será que ele só é saboroso quando se torna passado?

Será que, um dia, sentirei falta desse pentiunzinho, dessa salinha, da minha casinha, 22:11 da noite, atualizando meu blog para meus queridos leitores mudos, que desconhecem como postar um blog? (brincadeirinha... rsrs) Ficará este momento para sempre encravado em minha memória, para que, um dia, eu diga: "Valeu a pena!"?
Sim, eu quero me orgulhar do meu presente, não apenas quando ele se tornar passado, mas quando ele estiver aqui, agora, comigo! Para que fazer tantos planos se a vida corre, e a maior parte do presente está sendo gasta nisso? Não que isso seja algo descartável, mas a vida voa, o tempo urge e a fila anda, bolas!

Então... Quer um conselho? Quer? Quer mesmo, mesmo, mesmo, muitississíssimo??


VIVA INTENSAMENTE O PRESENTE!