segunda-feira, 28 de junho de 2010

Pauta dupla! (Divã)

Após um longo e louco semestre, eis me aqui novamente.

Tá, chega de formalidade pedrobialista. --'

Quanto à crônica passada, nem vou terminar. O prazo de validade meio que venceu porque não tive tempo de terminá-la, e a inspiração passou.

Enfim, vamos ao que interessa: o Divã. Hoje é dia de pauta dupla!

1. Você tá a fim. Ele também. Mas ele namora. Comofas?

Ih, a piriguete tá se achando...

"Comofas"? É simples, meu bem: "não fas".

Não gosto de furar olho de ninguém, e sei bem qual é meu lugar. E meu lugar é longe de confusão. Afinal, se o cara é tão a fim de mim assim, não vai me olhar com aquela cara e dizer o clássico "é complicado". E não vou pedir para o cara terminar com a atual só porque ele tá me dando mole. E, digamos que o cara terminasse com a baranga menina por minha causa. Valeria a pena se envolver com um cara que acabou de sair de um relacionamento complicado? E a pergunta que não cala: será que, se aparecer outra e a namorada for eu, ele fará o mesmo comigo?

Claro que é complicado generalizar. O cara pode ter entrado no relacionamento com a tal menina por burrice, carência ou sei lá, e estar mais enrolado que o carinha do clipe da Taylor Swift, coitado.

... e sua namorada sabe que você me manda bilhetinhos?

Mesmo assim, isso não é desculpa para enrolação, é?!

Tem cara que curte a situação, e acaba enrolando até onde dá. Se aceitamos ser "a outra", melhor ainda: as coisas ficam bem mais cômodas. Pra ele, é claro. Portanto, é melhor desencanar e esquecer essa história antes que o envolvimento aumente. Porque, afinal, não sou mulher de bandido e não sou obrigada.

2. Você e ele na mesma sala?! Estudar pra quê?

Se envolver com um cara da sua sala não é, necessariamente, um problema. Essa história de "atrapalhar estudos", pra mim, é desculpa pra quem quer teminar namoro. Mesmo as piores mongas apaixonadas (eu, oi) podem aprender a voltar pra Terra na hora de estudar, mesmo que o perfume dele, que está colado com você, sentado na mesma carteira, faça sua cabeça girar. Ficar de mãos dadas faz aquela aula chata passar rapidinho, e aquela aula legal fica ainda mais interessante, sério. E, se você estiver cansada de todas aquelas teorias, é só arrumar um cantinho da folha pra trocar desenhos e escrever bobagens. Ele pode dar uma lida na sua redação antes que você a entregue à professora, e te dar um toque se ela estiver um lixo (onde você estava com a cabeça, menina?), e te chamar atenção para algum detalhe interessante da matéria, mesmo que seja só para relacioná-lo com algum comentário do mundinho nerd dele, como sempre. E você ri. E suas aulas se tornam mais interessantes. Sim, porque ele está lá. Ele também se torna um motivo a mais para não perder aquela aula de jeito nenhum. Isso é saudável, e pode ser muito didático. Basta ter foco, por mais difícil que seja com um gato daqueles do seu lado.

... e, se adivinhar a fórmula, te dou um beijo. Ou vários.

Gente, beijo na boca na sala de aula não, ok? Carinhos são inevitáveis, mas peguem leve!

Perigo maior é errar a mão no grude e dar aquela "enjoada" básica da pessoa. De colega-de-classe-amigo-e-namorado, ele pode passar a marido-colega-de-trabalho: é quando se chega ao ponto de falar de trabalho matérias da faculdade em pleno sábado à noite, quando vocês finalmente resolveram fazer um programa a dois. Vocês não têm mais tempo de sentir saudades, pois se vêem na faculdade/escola e também no fim de semana. Todos os dias. O dia inteiro. Fazem os trabalhos juntos. Até perceberem que o relacionamento esfriou e que vocês não têm mais amigos. É.

-Você não ia ao banheiro, não?
-Vim só te chamar pra ir comigo até a porta.
--'

A questão é não perder a cabeça e se lembrar de que vocês estão numa sala de aula, precisam passar de ano, fazer amigos e ter vida própria. De resto, namorar um cara da mesma sala está aprovadíssimo!

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Amor em jogo

Os dois espremiam-se no sofá. TV ligada, verde-amarelo, rojões. Copa do Mundo. Brasil x Portugal. Não era bem o que se pode chamar de um típico programa de dois jovens recém-casados, recém-formados, vinte e poucos cada um. De um lado, ele, torcedor fanático. Roxo. Patriota. Do tipo que sabe todas as escalações e todas as terminologias futebolísticas possíveis e imagináveis. Machão no último grau, louco para molhar a garganta antes do jogo começar. Do outro, ela, toda mulherzinha, pintava as unhas de cor-de-rosa, a pinça e o espelhinho apoiados no braço do sofá, prontos para serem usados em seguida. E, de futebol e Copa do Mundo, ela só entendia duas coisas: Kaká e Cristiano Ronaldo.

E aquilo o deixava louco da vida. Não queria ter que competir com dois caras mais ricos e mais musculosos do que ele, por mais platônica que fosse a tal paixonite.

Enfim, até relevava. Sabia que aqueles dois bonitões-ricos-pra-caramba-do-outro-lado-do-oceano não representavam ameaça nenhuma. Afinal, tinham acabado de se casar e estavam ardendo loucamente um pelo outro. Sem contar que o Kaká nem ia jogar dessa vez, mesmo. Um a menos para dar trabalho.

E a graça do jogo estava mais em estarem juntos do que em qualquer outra coisa. Se bem que ele levava aquilo muito a sério. Futebol, para ele, era honra, sangue e tudo mais. O jogo nem tinha começado e ele já havia gritado tanto, que ela já estava cogitando a ideia de enfiar algodão nos ouvidos.

É claro que ela não ia dizer "calma, é só um jogo". Não, ela não estava a fim de uma DR, muito menos de um divórcio, com três meses de casada. Mas, vermelho como ele estava ficando, ela já estava começando a ficar preocupada.

Começou. O Hino Nacional. As caretas engraçadas que os jogadores fazem para cantar. As vuvuzelas cornetas incessantes. O CALA A BOCA Galvão Bueno. A seleção portuguesa.



O Cristiano Ronaldo. Irresistível. E a moça até borrou o esmalte.

"Aaaaaaaaaaaaaaaaah, meu Deus!!!!!!!!!!!!!!! Ele é LINDO de morrer!!!!"

Claro que ele não achou graça nenhuma, nem no esmalte borrado, nem no comentário infeliz.

"Então, por que você não se casou com ele?"

Ela, sem graça, parou de consertar as unhas.

"Amor... você sabe que não tem nada a ver. Relaxa. Ele é português, sabe? Nem faz, assim, tããão o meu tipo."

Foi o suficiente para ele surtar de vez.

"Você sabe que eu sou descendente de português, caramba!"

Ih, ferrou.

"Ai... é, né? Mas não tem nada a ver, tô falando que meu negócio é brasileiro, amorzinho."

"Ah, então, se fosse o Kaká, você queria, né?!"

Ela revirou os olhos e resolveu parar com aquilo antes que a coisa ficasse séria.

"Olha só, eu tô de TPM, não entendo lhufas de futebol, e só tô tentando acompanhar meu maridinho num programa que eu acho um saco, porque eu amo esse meu maridinho, ok? E só tô comentando sobre eles porque... bom, porque eu só conheço eles! E o Robinho. E o Ronaldo, né? Aliás, cadê ele?"

"O Ronaldo não foi escalado. Todo mundo sabe."

Ela fez beicinho.

"Eu não sabia."

Ele se sentiu culpado e tomou-a nos braços.

"Vem cá, gracinha. Desculpa."

"Shhhh, o jogo tá começando!"

[continua]

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Questão de você

Se eu te disser, meu bem,
que já não faço a menor questão de você,
veja bem, não discuta,
não me tente, nem tente entender,
pois foi você quem quis,
e eu me desfiz também
dessa ideia maluca
que enfiei na cabeça
por romances demais
e juízo de menos.

Por isso, relaxe,
e não ache que vou mudar de ideia,
nem voltar atrás, nem me arrepender.
Foi só um erro, tente entender,
e, então, me esqueça.

E vou te deixando pra depois,
pro resto da vida, pra nunca mais,
as malas, pode deixar, que eu faço,
tem comida no forno e roupa no armário,
não tem beijo na boca, não tem choro de adeus,
nem mãos dadas, conversas ao pé do ouvido.
E a gente vai desenredando,
se distraindo, se desgrudando,
até cair pro outro lado,
você pra lá
e eu, pra cá,
quieto
no meu canto.

E a gente vai levando,
vai vivendo, levantando,
até cair na real,
e, recobrando os sentidos
a gente descobrir que a gente
nunca fez lá muito sentido.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Andei pensando.

Tô naquela fase louca chamada "terceiro ano de faculdade". Ou, no meu caso, os dezenove-quase-vinte. Um ano pra formatura. Os últimos meses de teen. Essas reflexões de gente que tá chegando nos quarenta. Tá, mas eu só tenho dezenove anos. Ou, então, eu já tenho dezenove anos; ou seja, já tá mais do que na hora de começar a pensar em arrumar um emprego, em ganhar dinheiro, em ter o meu próprio carro, a minha quitinete no centro da cidade, a minha vida de solteira-descolada-na-casa-dos-vinte...

Apesar do medo que me dá ficar pensando nisso (porque, na prática, a teoria é outra e a realidade é uma coisa complicada), acho divertida essa minha mania de ficar esquematizando e arquitetando meus planos de esticar a adolescência até quando eu puder, mesmo nos vintinhos (tipo, continuar comendo brigadeiro com as amigas, pintando uma unha de cada cor, usando meias de dedinhos e esse meu pijama verde-abacate ridículo que eu não troco por nada, passar a noite falando de meninos e futilidades, acampando no quintal com minha prima e pirando com a saga Crepúsculo). E sonhando com o emprego mais descolado, mais legal e mais a-minha-cara de todos os tempos, enquanto vejo gente se formando e indo parar na geladeira do mercado de trabalho.

Não sei como é que arrumo tempo de pensar nessas coisas com tanta coisa da faculdade pra ler, fazer e traduzir. Sem contar o estágio. Mas sabe de uma coisa? Não troco essa minha loucura por nada. Às vezes, sinceramente, não sei onde é que tô com a cabeça. No futuro? No presente? Nos detalhes que eu insisto em complicar? Não sei. Sei que, mesmo este sendo o semestre mais difícil da faculdade, mesmo estando no meu limite, mesmo tendo tomado decisões difíceis nos últimos tempos, ainda acho um barato, entre gritos, estresses e descabelações, descer um pouco do mundo pra comer batata-frita ou chocolate, fofocar, amanhecer dançando. O mundo cansa um bocado, as pessoas se cansam por bobagem.

É por isso que eu prefiro deixar o resto do mundo pra depois. Agora, é hora de imaginar. E, quando chegar a hora, sim, a gente sabe o que fazer.