domingo, 25 de abril de 2010

No amor e na guerra, às vezes é melhor ceder.

Desligou o telefone aos prantos. Mas, durante toda a ligação, havia sido uma rocha.

Nunca se achara mulher o bastante para fazer aquilo. Por um tempo, resolvera resignar-se à sina que lhe havia sido reservada: amá-lo eternamente, venha o que vier. Ele era apenas seu namorado; nada além disso os mantinha presos um ao outro.

Exceto pelo fato de que ele não era apenas um homem em sua vida.

Ele era o homem que ela mais havia amado em toda sua vida. E eles já não eram mais adolescentes. Ela fazia de tudo para que eles dessem certo, enquanto ele simplesmente seguia o curso do romance, encarando as brigas e o desgaste como parte da rotina de um casal que ficaria junto para sempre, porque era assim que tinha de ser.

Toda aquela paixão, toda aquela loucura, toda aquela sede não foram o bastante para mantê-los queimando. E as coisas começaram a ficar normais demais, quando tudo o que os dois queriam era fugir para alguma ilha deserta, um planeta novo, uma estrela no horizonte.

Tiveram conversas complicadas, brigas horríveis, lágrimas derramadas e infinitas reconciliações. Ela sempre achava que as coisas iam mudar; ele já sabia que aquilo ia continuar se repetindo, por mais que os dois não quisessem.

Mas eles se gostavam tanto. E, quando estavam em paz um com o outro, tudo era tão bonito.

A verdade era que os dois já estavam cansados de fazer do amor um campo de batalha, e que já estavam feridos demais para agarrarem-se a qualquer sentimento que ainda restasse.

Enfim, ela resolveu encarar o que, no fundo, sempre soube: que, não, aquilo nunca daria certo. Pegou o telefone, discou e, impassível e indestrutível, desferiu o golpe final.

"Acabou".

E as lágrimas que derramou foram de tristeza, de derrota, de saudades, de luto, de frustração, mas, acima de tudo, acima de tudo mesmo, de alívio.

Porque, no fim das contas, certos amores foram feitos para jamais terem sido.

5 comentários:

Beatriz disse...

Luly, você escreve MUITO.

Júlia disse...

Amei o texto, voce escreve MUITO bem mesmo!

Adoro aqui.

www.mamae-dizia.blogspot.com
Beijos.

Mari. :) disse...

que triste o texto ;~~
eu não consigo acabar as coisas assim, sempre fico com uma esperançazinha, achando que ainda pode dar certo ;/

Vicky Doretto disse...

Adorei o texto!
MAs meio triste né?

bjão =^.^=

Mulher Vitrola disse...

Eu já tive cabelo cacheado (ninguém acr edita), assim, igual ao seu mesmo. Cacheado, quase da raiz até o finalzinho do cabelo. Eu odiava... sumia dentro do cabelo. E odeio chapinha... já fui escrava dela, mas odeiava. Hoje em dia eu faço selagem, e ele agora é liso (?), mas não aquele liso chapadão... liso moldado, sabe? Tô satisfeita, mas acho lindo cabelos cacheados. E o mais legal, eu nunca tinha visto ninguém com o cabelo cacheado e pink! adorei!
Belo post, beijos!