E, pra falar bem a verdade, a gente recebe rótulos que não pediu, na maioria das vezes.
É por isso que entendo a Sandy, por exemplo. Todo mundo aproveita que a menina é "santa", só pra poder pregá-la na cruz. Mas "santa"? "Santa" pra quem, e por quê? O que foi que ela fez pra ser "canonizada"?
Isso me irrita. E me surpreendi quando, essa semana, uma pessoa que mal me conhece me disse: "Nossa, nunca pensei que uma menina tão tímida e quietinha quanto você fosse aquela pessoa no palco!". Tá certo que a pessoa não falou por mal; mas "tímida e quietinha"? Dei um desconto, porque a pessoa realmente não me conhece direito.
Nada contra pessoas "tímidas e quietinhas", que fique claro. Mas tudo contra essa mania besta de rotular as pessoas.
E aí a gente é rotulado por causa de coisas como aparências e estereótipos. Talvez porque uma hippie magrelinha aparentando cinco anos a menos de sua idade não possa ter lá muita coisa pra dizer. E ri alto uma vez quando me disseram: "Nossa, você gosta de rock? Mas você não usa preto!". É; também gosto de falar de sexo, mas não sou perva; gosto de falar de política, mas não votei; gosto de cores, mas não de Restart; sou cristã, mas também pecadora; nasci em Londres, mas sou brasileira.
E daí? O quê, ou quem você pensa que eu sou?
É, os estereótipos estão aí, e são mais fortes do que a gente. A primeira impressão continua sendo nossa única história e tudo o que temos a dizer a respeito de algo ou alguém. E, se resolvo contrariar meus rótulos e dizer o que penso, é um deus-nos-acuda. Tá certo que, às vezes, eu deveria pensar um pouco mais antes de falar, mas é o meu jeito. Já estou me acostumando com os olhos arregalados a cada nova declaração.
Não que eu ache isso bonito. Porque sempre há rebeldes sem causa, que fazem de tudo para chocar/ se destacar /etc. Isso é o que, na minha terra, a gente costuma chamar de "forçar a amizade". Porque cofre cheio não faz barulho, e, se realmente somos tudo aquilo que dizemos ser, não deixaremos de sê-lo por causa de um rótulo idiota. Aliás: quando se tem personalidade, tudo aquilo que somos ultrapassa todo e qualquer rótulo ou estereótipo.
Pensei em dizer a vocês e aos rotuladores de plantão quem sou for real, mas não sei se vale a pena. Quem quiser, que me conheça. E a gente se revela pra quem faz valer a pena. E não faz esforço pra contrariar quem nos rotula.