A música hoje mexeu comigo. Mexeu tanto, mas tanto, que me remexia até o fundo da alma. As lágrimas reprimiam-se, mas as emoções cismavam em esboçar-se, caricatas, em meu rosto. Parecia que tinha acabado de nascer, e que o mundo me fazia cócegas em sua estranheza.
Olhava para aquele céu algodoado... que delícia! Um passarinho fazia voejos, como num quadro de pôr-de-sol. Aquelas cinco horas de viagem pareciam minutos. Pude perceber como a vida estava ainda mais bonita hoje! Ela queria me pegar pela mão e me deitar no gramado, e me fazer escrever por toda-lei.
Ainda pensava que era gente. Os animais vivem como têm que viver. Nós vivemos porque temos que viver. E, ainda assim, conseguimos enegrecer a beleza de um sublime arco-íris com qualquer coisinha-à-toa. Era bicho, era erva, era humana. Mas uma humana diferente.
Não sei explicar o que aconteceu comigo naquela viagem, naquele ônibus. As palavras começaram a invadir minhas emoções, e eu sorria sem motivo, meio assim, à-toa, só ouvindo música. E eu queria cantar alto; reprimia-me, porém, afinal, os passageiros não poderiam compreender o que se passava comigo.
Eu era a poesia. Eu era uma vida inteira, e metade-coração. Uma comichãozinha nas costas: deviam ser as asas nascendo. Eu nasci de novo, e desembacei minha visão. Nada nunca é de todo perdido.
Via o vento batendo naquele capinzinho feio de beira de estrada. Mas aquele céu cinza, nublado, e aquela brisa tornaram-no tão belo e tão verdejante, que ansiava por me deitar de comprido naquele pedaço de relva. Eu poderia até esquecer quem sou, pois, naquele instante, tudo se faria novo.
O tempo não volta atrás, nem os quilômetros daquela auto-estrada. Eu já não sou a mesma depois daquela viagem. Foi só uma viagem, mas que, para mim, significou algo muito intrigante.
Quem não for poeta, jamais entenderá o que uma música, uma estrada e um punhado de palavras são capazes de fazer.
Um comentário:
musica alimento da alma,como já diziam x D
bjs
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