quarta-feira, 21 de maio de 2008

Filha pródiga


Talvez se você ou o mundo não me julgassem tanto, eu pudesse ser compreendida. Por quê você me trancou do lado de fora? Não é a sua pele que o frio está cortando, nem os seus lábios que estão se partindo, nem as suas lágrimas molhando o seu rosto. Mas você nunca me levou a sério com essas minhas meias três quartos... (riso triste) Pare, você nem sabe o que diz!! Eu estive tanto tempo longe. Eu tô cansada. Eu tô can-sa-da! Dá pra parar e me ouvir? Eu não quero ter que gritar. Por favor, agora abre essa porta! Me dói muito, dói muito dizer isso. Me dói mais não dizer. Me dói fingir sorrir!


(Meia volta. Ela esfrega as mãos ao redor do casaco. Cabeça baixa.)


Eu te vi pela rua esses dias. Eu vi, eu juro que vi. Tava meio embaçada a visão, eu tava sem os óculos e não dava pra te enxergar direito de onde eu tava. Mas eu sei que era você. Eu só não sei se você ainda está sendo você mesmo. (riso nervoso) Eu nem sei quem EU sou! Acho que a pancada na cabeça foi forte mesmo. Pior que essa é a pancada que você me deu no espírito. Essa doeu mais do que as outras que eu levei da vida. Eu apanhei da vida. Eu fui a NOCAUTE.


Ainda me pergunto onde foi que eu larguei minha alma, que tava penando por aí. Talvez pelo mundo dos vivos em geral, ou sei lá que além-mar desse sopro de vida. Por acaso tá no bolso do seu peito?


Pai, por que você não me responde...?


Seus gestos ainda são os mesmos? E seus olhos? Faz tanto tempo, pai... tanto tempo, e tão longe... tão longe por essa estrada afora! Me escuta!!! ME RESPONDE!!! Por que me obriga a me manter assim aos gritos????!!!!


Ah!! Me deixa ir pra casa!! Abre a porta, deixa a luz do corredor acesa e faz um chocolate pra mim! Eu falei que ia voltar. Eu falei. Eu... eu juro que eu falei... Eu fui rebelde, caramba, eu sei! Eu caí. E acho que vou cair de novo, muitas vezes. Porque eu não sou perfeita, e nunca vou ser. Mas... me perdoa.


(murmúrio)

Perdão... perdão...


Quantos rios de lágrimas ainda vou ter que atravessar pra me tornar uma mulher? E quantas rodovias precisarei cruzar de novo, e de novo, e de novo pra te resgatar? E quantos por-de-sóis ainda terei que assistir só, olhos semicerrados, caindo de sono, querendo sumir, sabendo que estou do lado de fora?
Quantos sorrisos ainda teria de escancarar na sua face... pra que você me amasse de novo?


(Ela se agacha, arrastando as costas na parede)


Pai... Me perdoa. Me perdoa.

2 comentários:

Ana Beatriz disse...

Oii
é bonito mesmo seu texto.
1 desculpa esfarrapada :9
HSUSHUSA
eu n sei falar direito meu comentário "critico" sobre os textos.
mais sim, ele ficou legal.
e sentimental!
bjs

Jessy Portilla disse...

Parabens ,blog hiper original
eu vi seu endereço de blog na capricho (:
mais uma vez parabens

beiijos&queiijos~*