sábado, 27 de setembro de 2008

Jeans e um par de asas (II)

Não se perca! Voe para a parte (I)!

Do outro lado da avenida, do outro lado da cidade, uma menina. 16, cachos negros, branca-quase-pálida, grandes olhos azuis. Melancolia. O queixo vinha pousar-lhe no peito. Apesar disso, era bela. Os cachos, presos por uma faixa que parecia um arco-íris, deixavam seu rosto livre. Usava também meias compridas e muito coloridas. Tinha cor a sua tristeza. Chegava a ter alegria, não sei como é possível uma coisa dessas. Era a pureza em pessoa. Uma pureza triste e sem razão. Sentada na escada de entrada de um velho prédio, o mesmo que Gabriel gostava de freqüentar naquelas noites em que queria fugir do mundo (quase todas), lá estava ela. Angélica dos Santos. Seria este mais um nome um tanto sugestivo? Seria este nome a chave de toda uma intriga, que fazia questão de voar por entre meus dedos?

Um baque. Ou apenas seu coração a tamborilar mais forte, sem razão (será?), sem nada que se fizesse entender. Lua nova, um sorriso nos ares. Foi impelida porta adentro, talvez pela vontade de voar, talvez por qualquer presságio dos céus, talvez por suas asas, uma comichão desesperada por entender que raios estava ela fazendo nesta Terra.

Subiu as escadas, quase voando. Quieta, grave, grave, surda, muda, lenta, lutulenta. Ganhou o terraço, e, com ele, um sorriso enorme de lua feita de cottage cheese, geléia e neve. Garoinha chata. O que aqueles sinais queriam dizer? Já não sei.

Ficou ali, a matutar, a esperar que alguma coisa acontecesse. A esperar alguma estrela cair do céu e vir pousar em seus cachos, a esperar por uma pena encantada advinda do Norte, que fizesse crescer asas. Uma razão, um abraço, um amigo que fosse. Era tão pequena e frágil, tão fosca em suas mil listras e rubores.

E esperava. Só esperava. Que alguma coisa estava para acontecer, ah, isso estava. A única coisa que ela sabia era que tinha que esperar. Tirou do bolso um pirulito, permaneceu, fitando o seu cottage cheese com aqueles enormes olhos azuis, que mais pareciam planetas em órbita.

É, aconteceu mesmo.

to be continued

10 comentários:

Danielle disse...

bom texto.
mto lgl o layout do blog.

Edu França disse...

Bom, envolvente e deixa aquela vontade de acompanhar, que é o que eu vou fazer, por isso não se demore!

carlos daniel disse...

Gostei do texto. Adoro essas tramas com personagens temperamentais com algum tipo de transtorno psicológico oui não!
Como o Edu disse, é um texto envolvente, que desperta a vontade de saber o fim ou o começo de angélica dos Santos...


http://hdebarbamalfeita.blogspot.com/

Julianaa, disse...

A verdadeira alegria de um poeta, é poder transmitir tudo aquilo que se passa pela sua mente

(blog maneeiro) ;D

Leon Bard disse...

Hahaha, muito chique !
tem aquele friozinho na barriga, vontade de saber o fim logo.
Conta o fim !! \o/
Beijos.

@Modesto13 disse...

dessa vez eu li mesmo
mas agora to querendo saber o final

www.maniacosporfutebol.com.br

Cássia disse...

muito interessante a pontualidade das suas virgulas

jcdigital disse...

quero a continuação, posta logo

=]

textos assim são bons de ler, limpa a vista de tanta inutilidade q tem na net

Ana Célia disse...

roubando uma rosa....

Lindo poema! Vc escreve mto bem, parabens!
´So uma dica: esse layout preto com letras brancas cansa a vista...

Vc é da unesp neh? Eu tb! Sou do IA-SP, faço musica..

Parabens pelo blog!

Lucas Oliveira disse...

Luly do céu... como é que vc consegue envolver a personagem da história de uma maneira tão encantadora?

Simplesmente imaginei a menina de olhos azuis, cabelos cacheados, com seu pirulito, à espera de algo.

Estou ancioso pelo terceiro capítulo...


Quanto ao seu banner lá no meu blog, que bom que gostou... fico honrado em tê-la deixado feliz.

Bjo,
Lucas de Oliveira