quarta-feira, 17 de março de 2010

Epifania

Would you know my name
If I saw you in Heaven?
Will you be the same
If I saw you in Heaven?
Beyond the door
There's peace
I'm sure
And I know there'll be no more
Tears in Heaven

Tears in Heaven - Eric Clapton

Achava que fosse ser tão mais difícil. Tão mais doído. Tão mais branco, e claro, e luminoso; ou tão trevas, e lágrimas, e dor.

E o mistério acabou; com ele, veio até mesmo uma certa decepção. Não era assim que me diziam que era. Não, mesmo. Foi tão fácil, rápido e indolor. E estranho. Como acordar de uma soneca no meio da tarde, ainda meio zonzo, sem saber onde estou. Só tive certeza de uma coisa: nunca tinha visto lugar mais incrível, nem sentido paz mais tremenda, nem vivido tamanha epifania em toda minha vida.

Ainda mais agora, que ela havia acabado. Ou começado.

E o engraçado é que eu nem mesmo me sentia preparado quando morri. E morrer, em primeira pessoa e no passado, é um verbo que sempre me disseram que não existia. Mas, neste novo mundo, tudo é possível. E meu estado, agora, é algo indefinível.

E a primeira coisa de que me lembrei foi do meu cão, que morrera quando eu tinha dez anos de idade. Pensei em procurá-lo, mas ainda não sabia o que fazer, nem entendia por que a Eternidade tinha começado para mim naquele exato momento. Minha vida terrena estava envolta em uma grande e espessa neblina, e eu agarrava com força tudo de que conseguia me lembrar. Uma vida linda. Lambidas de cachorro. Um joelho ralado. O sol brilhando. Fé. Um filho, uma esposa.

Um carro desgovernado.

E as lágrimas não saíram. Nem me revoltei. De repente, as coisas começaram a ficar claras. Agora, era ali o meu lugar. Era como se eu sempre tivesse pertencido àquele lugar.

E vi um homem. E eu conhecia aquele homem. E tentei me lembrar dele com todas as forças da minha alma. Tudo tão embaçado, ainda. A morte e a nova vida ainda eram um mistério para mim. E aquela figura do passado, aquele rosto tão conhecido, também lutava bravamente, tentando me decifrar.

Meu pai.

E aquela paz, aquela paz e aquele estado de espírito, e aquela revelação -- tudo veio à tona. Foi então que entendi completamente o sentido da vida, da morte, do passado, do presente e do porvir, em um mundo onde não há tempo, onde aquilo já não fazia sentido algum.

2 comentários:

Manu ¬Raio de Sol'☼ disse...

Oii !!
Conheçi seu blog e adoreei !
Super tri-fofo !
To lendo blogs a um tempãaao!
e depoiis de muito muito tempo .. tive coragem de criar o meeu !!
vooc acha q é tarde demais pra eu ser blogueiraa ??
Por favor me responda!!
ahh! to te seguindo, se puder dar uma forçinha pra essa novata akie ..
http://meueternoraiodesol.blogspot.com/
bjúh!

Leidiane disse...

Oii
Morte.. tanto a ser explicado a respeito dessa grande questão, belo texto!
Bjos ;*