Seja o fato de eu adorar trocar de esmalte a cada dois dias, seja o cuidado meticuloso e sagrado que tenho com meu cabelo, seja o fato de eu montar cada look de véspera para usar na faculdade. E tem o ritual da maquiagem, sempre que a ocasião pede (adoro apostar na dupla delineador gatinho + batom vermelho, que vai com tudo). Sem contar as trocentas latas de bijuterias transbordando de coisas fofas e coloridas. Sim, assumo: sou muito mulherzinha. Adoro me depilar com cera, fazer babyliss, tranças, passar aquele gloss, nem que seja pra ir daqui à padaria, ou ficar toda felizinha quando aparece um programa de domingo à tarde, só pra poder arrasar no modelito.
Daí, tem gente que pensa: "nossa, que fútil!". Mas, sinceramente, desde quando ser feminina é ser fútil? De que adianta ser um poço de intelectualidade, se a primeira coisa em que vão reparar é que você tem bigodes, seu cabelo tá ruim e suas roupas são super sem-graça? Aliás, você é sem-graça. É até uma questão de respeito com a própria imagem, de amor-próprio! Qual o problema em ser mulherzinha? É aí que mora a graça de ser mulher.
Tem também as mulheres-modernas-do-século-XXI mais xiitas, dizendo: "ser mulher é muito mais do que isso". Tá, pode ser, mas não é porque queimaram os sutiãs em praça pública que vou sair de farol aceso por aí, falo mesmo. Custa ser um pouco feminina? Ou será que cera quente queima neurônio e chapinha emburrece? Por favor, né? Ninguém precisa ser só bonita ou só inteligente. Aliás, isso, sim, quem impôs foi a cultura machista. Talvez porque muitos homens ainda tenham medo de mulheres bonitas e inteligentes.
"Mulher sofre", diz o povo. Mas não levo isso tão ao extremo assim. Acho que são "ossos do ofício" de ser mulher - mais do que isso, acho divertido! Isso já se tornou parte do que é ser mulher pra mim. Um pouquinho de vaidade não mata - faz bem!
Aos homens, resta fazer o que sempre fizeram: babar. Às não-vaidosas, resta não reclamar se ninguém as olhar.