sábado, 10 de julho de 2010

Borboleta


Gostava de brincar sozinha na casinha azul. Fazia mundos de saia-rodada, cabelos-cachinhos, a flor no cabelo, o batom. Brincar de ser mulher, nos saltos de sua mãe. Só não gostava muito de rosa. O azul lhe parecia muito mais atraente, interessante, misterioso e doce. Algo um pouco menos óbvio.

Queria ser bailarina, princesa e veterinária. Uma menina típica. Se bem que, às vezes, punha-se a pensar que, se fosse astronauta, talvez conquistasse algo mais do que o mundo. E tinha o pianinho de madeira, suas sinfonias desafinadas, a plateia de bonecas, atônitas, estáticas. Talvez sorrissem por dentro. Ninguém entende as bonecas. Ninguém sabe o que elas aprontam quando não se está perto. Ou o que pensam das meninas.

Gostava dos livros. Mais das palavras do que das gravuras, sempre. Tinha mais do que apenas cinco anos de idade: era esperta e madura, mas não menos criança por isso. Gostava de contradizer-se o tempo todo, apesar de sua personalidade forte. Teimosa que só. Queria as unhas vermelhas da mãe, queria o pai. Gostava de espelhos, dançava sem saber. Suja de bolo, agora descalça. Lambendo os dedos, estudando o desenho que a borboleta fazia no ar.

"A borboleta é azul".

E tanto filosofou, rostinho sério, olhos graves, cuidadosos, que descobriu que feliz era a borboleta. Podia ser o que quisesse: fada, princesa, bailarina, astronauta, pétala de flor. Podia ter cor de céu. Ter cor de azul. Desaparecer no ar, num vôo de brisa, silenciosamente.

E decidiu que, quando crescesse, queria era ser borboleta.

5 comentários:

Laryssa disse...

Impossível alguém se identificar com essa postagem como me identifiquei agora. Parece que voltei no tempo, me vi correndo pelo quintal de minha avó criando meus sonhos, criando momentos inexistentes mas que na minha mente, iriam acontecer e virar realidade.
Lembrei de quando queria ser astronauta... Admito que até hoje sou encantada por todo o Universo.
O meu amor por borboletas azuis... Pela cor azul... Meu desejo interno e secreto que sempre existiu: querer ser uma borboleta. E não uma borboleta branca ou amarela, mas azul. Azul. Voar livre pelos ares. Seria dona dos ventos, faria o que bem entendesse entre eles. Muitos rodopios, muita leveza e beleza.
Luly, você é demais querida. Linda. Muito linda. Escreve maravilhas. Sempre. Difícil (ou até impossível) decidir qual sua melhor postagem no blog.
Ah, coloquei essa postagem de hoje no meu flog: http://www.fotolog.com.br/ownlary

Natália disse...

Eu também queria ser uma borboleta quando pequena! bj

Vicky Doretto disse...

OWN que lindo! Tão... (sem palavras) perfeito! Me fez lembrar de quando era criança... eu queria voar com as borboletas tabém... ^-^
Bjão =^.^=

Carol Bortolo disse...

Seu blog e suas palavras me encantam cada dia mais! Parabéns pela inspiração de sempre que te faz se superar sempre!

Tracy Ellen Caetano ( Tray) disse...

ameiiiii
to seguindo sue blog, muitoo bacana seus textos bjus