segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Bilhete


Tive um sonho noite passada.

Eu estava de volta ao colegial, à velha escola onde estudara.

Outro dia, outra manhã; as mesmas coisas de sempre, o mesmo lugar onde costumava me sentar, a lousa suja de giz.

Foi quando recebi um bilhete muito pequeno, dobrado cuidadosamente em papel dourado.

E, quando abro, leio o que se tornou um mistério para mim:


“Descobri que você estava certa, e admito: TE AMO, apesar desse teu jeito.”


“Apesar desse teu jeito”. Apesar da ironia daquela frase. Apesar da verdade daquele “TE AMO”. Apesar de aquele “TE AMO” ter vindo cedo demais. Apesar de eu não ter entendido nada, e de achar aquilo tudo um absurdo. “Certa” de quê? Apesar daquela estranha surpresa vinda não se sabe de onde, de alguém que não pertencia àquele lugar, de alguém que estava longe demais para fazer qualquer declaração.

Estremeci. Por alguma razão (e, veja bem, não sei por que razão), eu soube, naquele instante, que aquilo era o que havia esperado a vida toda. E o que, no mundo real, ainda espero.

Acordei com aquelas palavras, que ainda ressoam com o peso de uma verdade em mim. Apesar de mim, alguém me ama, afinal. Apesar desse meu jeito, meus defeitos, e das circunstâncias. É um tipo de amor que não mereço; por isso, vale mais. Esse tipo de amor, a gente não entende.

E já não faço a menor questão de entender. Sou amada; nada mais importa, nada mais se explica.

Um comentário:

Júnior Batista disse...

Uau!
Gostei muito do jeito que você escreve!
Voltarei mais vezes.

Beijinhos. :)