Pedi tanto a Deus pra minha vida mudar, e mudou que nem vi. E, quando vi, foi de repente e levei um susto. E, agora, estou indo embora.
Devo ser adulta, afinal. Passado o impasse, é hora de futuro. Não sou mais aquela garota de 17 anos que nunca havia pegado um ônibus sozinha; tomo minhas próprias decisões e assino meu nome. E nunca pensei que ser adulta desse tanto trabalho, e que responder por si fosse tão... burocrático. Mas a vida muda, afinal de contas. Muda a gente. Muda tudo.
Como disse Bono Vox, o amor é a única bagagem que se pode levar. É tudo o que não se pode deixar para trás. Nessa ou em qualquer outra viagem. Neste ou no outro mundo. Em qualquer dos mil mundos que ainda me esperam. Isso nunca vai mudar. O resto, muda tudo.
Não sou mais a mesma. Mas ainda sou e sempre serei a mesma. A mesma contradição que me faz tão imperfeitamente humana. Muitas identidades, muitas culturas, muitas mulheres em uma só. Assim somos eu.
E tudo o que eu sempre quis está começando a se concretizar. Mas só vou me dar conta disso quando entrar naquele avião.
Um dia, alguém me disse que sou uma águia. Mas não quero ser águia apenas por voar alto. Quero ser águia para espalhar minhas penas pelo mundo.
Não estou com medo. Eu nasci pra isso.