quarta-feira, 9 de julho de 2008

Lego


"All in all, you're just another brick in the wall"

Tijolinhos coloridos que se encaixam uns nos outros. Até parece a vida, da maneira que se monta. Pode até não dar em nada, mas, no fim, tudo acaba se encaixando. Que engraçado.

E lá estava eu, no chão da sala, sem ter o que fazer, brincando de Lego. Peguei do balde, despejei tudo sobre o velho tapete felpudo lotado de ácaros, e comecei a montar. Vê se pode: eu, desse tamanho, executiva, 24, casada há três, sozinha em casa. Mas, afinal, por que não? Eu raramente costumo parar a vida pra alguma coisa, ainda mais pra brincar de Lego quando estou sozinha em casa, meu marido ainda não chegou e eu nem comecei a preparar o jantar ainda!

Ué, alguém abrindo a porta? Ah, deve ser ele.

"O que é isso?", já foi ele perguntando.
"Dã, Lego!", óbvio. "Tirei isso de cima do guarda-roupa. Nem sei por que trouxe isso pra cá quando a gente casou. É da minha infância!"
"Humm...". Riu. Achou graça, resolveu sentar-se lá também. E, agora, quem achava graça era eu.
"Não acredito que você sentou aqui pra brincar de Lego comigo; um homem desse tamanho, matemático, 27, casado ha três, num tapete velho" disse eu, rindo. Ele não respondeu. Limitou-se a sorrir e continuar ali, brincando, construindo qualquer coisa que não se parecia com nada.

As peças iam se complementando juntas, à medida que resolvíamos construir alguma coisa. Quando eu perdia as idéias, ele me ajudava com palpites, pecinhas novas ou comentários engraçados. E a gente riu tanto, e começamos a nos lembrar de nossa época de namoro. Quando vimos, tínhamos construído uma réplica do banco de praça no qual ele me pediu em namoro. Pra completar, pegamos dois bonequinhos e os pusemos ali. Acabamos rindo demais, e pedindo comida chinesa. Quando demos conta do horário, já era quase meia-noite. E tudo acabou sendo tão incrível, tão divertido, que acabamos repetindo a dose.

Agora, costumamos brincar de Lego nos momentos mais estressantes, aqueles assim, em que a gente faz de tudo pra consertar a vida e parece que nada se encaixa. Mas, na brincadeira, tudo acaba dando certo, tudo é arte e cor, principalmente quando um grande amor nos ajuda. Afinal, como vamos construir a vida real se não treinarmos primeiro em alguma coisa? Comece com Lego!


{a autora desse post não tem Lego em casa}

Um comentário:

Rosa disse...

...eu também não tenho lego, mas achei a idéia genial, hoje em dia as pessoas estão buscando preencher o tempo com coisas que mais estressam do que aliviam e voltam para suas casas derrubadas, sendo que nas coisas mais simples da vida encontramos harmonia. Vou comprar um lego para mim!!!! rsrsrs