quarta-feira, 4 de março de 2009

Para a Raio de Sol

Menina, você é tão linda... tem tanta vida dentro de si, esguichando pelos poros, perfume de cabelo de moça. Seu sorriso deslumbra, e todos os clichês físicos caem como uma luva em cada vestido, renda e flor de cabelo, ou até numa trança desarrumada, num muxoxo, num capricho de mulher.

Mas meu bem, por que é que este sorriso lhe escorrega do rosto e lhe borra de soluços e sal a maquiagem tão bem-feita? Que é que se fez das cores que se desfizeram nos batons e nos beijos? E a festa? Não diz que não vai mais, que é de dar pena vê-la arrumada assim pra não dar mais passo algum.

Machucou o pé? Lhe empresto um sapato. Quem brigou? Por que tá assim?

Não chora. Limpa esse rosto, por favor.

Essas coisas passam. Até seu sorriso anda passando, anda sumindo do nada. Tanto prazer que já não vale um amor que seja. Você é como um vaso de porcelana, meu bem: linda, mas vazia. A vida que tinha já se foi toda, só sobraram cabeças enterradas em mãos, uma mãe chorando num canto e gente preocupada no outro. Esses devaneios etílicos, essa fumaça de risos, esses incógnitos espíritos, essa gente toda não são o bastante pra encher o que lhe falta. Olha só pra você, Raio de Sol: tão lânguida, inchada de prazeres, absorta em ilusões. É só vazia. Que espécie de conto de fadas você construiu? Sua mãe tá chorando, Raio de Sol. Eu também choro, porque você já não é a mesma. Você saiu de casa, largou tudo, tudo pra correr atrás do vento. E você ainda é tão linda. Triste como nunca. Mas, ainda assim, é linda.

Mas Eu... Eu ainda abro meus braços e espero por você. Eu jamais desisti, nem quando minha vida escorria por meus joelhos naquele monte. Foi por você, Raio de Sol. Foi por você.

Ouvindo: Cut - Plumb

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