segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Emoção fatal

Havia quem dissesse que ela era viciada em adrenalina.

Porque, para ela, não havia perigo que bastasse. Ou obstáculo que a segurasse.

Esportes radicais. Saídas de madrugada, sozinha. Deixar os documentos em casa. Disparar pela avenida em pleno rush, fazendo os carros buzinarem alto, as pessoas xingarem, o coração disparar.

"Louca", diziam. Tudo o que conheciam dela era aquela urgência de fazer alguma loucura.

E tudo o que ela queria era algo mais. Algo que ela não conhecia. Algo além de oxigênio e diversão. A plenos pulmões, ela procurava algo que durasse um pouco mais do que as descargas de adrenalina que essas loucuras proporcionavam. E ela não sabia o que era.

E nunca soube.

Me contaram que morreu jovem, numa dessas de atravessar avenida em sinal verde. Morreu triste, ainda. A mesma adrenalina que a mantinha viva foi o que a matou. Mas, quando o socorro chegou e a vida já estava indo embora, ainda esboçou um sorriso triste e lânguido, e tudo o que conseguiu dizer foi "emocionante".

3 comentários:

Bruna Mitchell disse...

adoreei, acho que todas nós estamos sempre a procura de algo mais. ;) ótimotexto!

Atrevido disse...

Tem selinho pra vc lá no meu blog...

little Tay disse...

loucura loucura loucura,assim é a nossa vida
alguns com mais outros com menos, mas todos na mesma loucura.
sabe qual?
a arte de viver em sociedade.
adorei o post.
beijokas