É inevitável pensar no futuro. Aliás, no presente. Ou, pelo menos, nos próximos cinco meses. Sei lá.
Só porque estou me formando, parece que tenho a obrigação de ser adulta. Ou de saber para onde estou indo. Olho para os
adolescentes confusos, às voltas com vestibulares e relacionamentos amorosos (ou não tão amorosos assim), e rio para mim mesma. Não, eles não sabem o que é estar em crise.
Eles não sabem, até passarem no vestibular e se darem conta de que os quatro anos passaram. Ou quase. É como andar numa prancha: a vida te empurra, você sabe que não tem escolha a não ser pular de uma vez, mas não sabe se um tubarão vai te devorar, ou se você vai sair dessa vivo, nadando, até chegar a uma ilha paradisíaca.
E me pergunto quando poderei rir de toda essa crise, como estou rindo agora da minha crise de vestibulanda. Ah, que bobagem. Adolescentes vêem o fim do mundo em tudo!
E quando o problema não é o fim, mas o começo do seu próprio mundo? E quando se tem vinte, e não quinze anos, e não há mais tempo a perder? E quando se quer fazer tudo o que puder, enquanto puder, o mais rápido que puder?
E se um amor aparecer no caminho?
Ansiedade é um sinal dos tempos. A vida não nos dá muitas respostas, e mudamos o tempo todo. Nos mudamos o tempo todo. Pessoas e circunstâncias nos mudam o tempo todo. E, quando nos damos conta, não sabemos mais quem é o estranho no espelho.
Esse medo normal, esse turbilhão de pensamentos e decisões não tomadas, esse céu indeciso e pesado acima de mim... as nuvens mudando, seguindo o sopro dos ventos em um mundo onde nada é permanente.
E as coisas vão acontecendo. As nuvens continuam a mudar. Ainda não sei o que pensar, nem o que ser, nem para onde ir. Nem sei se saberei. Ou, talvez, eu só saiba quando já estiver lá. Sem saber como, nem por que. Só sei que, haja o que houver, estarei lá. De um jeito ou de outro.