quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Jeans e um par de asas (final)

Angélica só sorriu.

Gabriel resistiu bravamente. Tinha medo das pessoas, por isso, escondia-se atrás de uma armadura impenetrável de Armagedom, um Armagedom ferido e sem alma. Mas Angélica era doce, menina, colorida. Ele, preto-e-branco, amargo, homem.

Ela sentiu uma simpatia tão grande pelo anjo, que foi impelida a tomar-lhe das mãos. Gabriel tentou resistir, mas ela era tão pura e tão pedaço-de-doce, que ele sentiu uma estranha preguiça de fugir. A menina do arco-íris arrastou-o para um bloco de cimento, que serviu de banco. Ali se sentaram.

Dois desconhecidos. Dois amigos. Dois irmãos.

Gabriel nunca tivera um amigo. E nunca soube o quanto é bom estar com alguém para compartilhar momentos e emoções. Angélica, do nada, começou a murmurar uma canção baixinho, quase imperceptível. Aquele enorme homem quis adormecer, e desejou nunca mais sair dali. Aquele que resistira, agora havia sucumbido. E ficaram ali, a noite inteira, esperando pelo sol, mãos dadas, sem nada dizerem. Nenhuma palavra se ouviu, apenas a canção hipnotizante de Angélica.

O sol nasceu. Gabriel acabou dormindo um pouco, sendo acordado por alguns raios de sol. Não havia nem sinal da Angélica. Nem do velho Gabriel. Ele nunca mais a viu, nem soube seu nome. E nunca mais foi o mesmo. Deixou o sol entrar em sua alma: fez amigos leais com sorrisos, café e conversa jogada fora. E para todos que encontrava contava e recontava a noite enluarada na qual conhecera uma estranha e bela criatura amiga que deixara uma marca tão forte em seu coração.

Um comentário:

Well disse...

Bela narrativa. :) eu estive pensando em cursar tradução na UNESP também, mas tô meio arisco. Dizem que têm poucos (ou nenhum) homem que faz esse curso e que ele não dá muita grana. Ia ser legal conversar com alguém que faz o curso pra trocar umas idéias. Entra no meu blog e comenta lá, se quiser deixa o msn e a gente entra em contato.

Beijos. e parabéns pelo blog