sábado, 8 de novembro de 2008

Gente triste

Hoje eu vi um homem triste. Cor de dor, desbotado. De chapéu. Trazia os olhos tristes, olhos tristes de paixão. Olhos de alma ferida. Olhos que não conseguiam ocultar o que os gestos escancaravam. Uma lágrima equilibrista zombava, escorregando para a face, como nódoa transparente cortando-lhe o rosto.

Se sorria? Sim, às vezes, arrisco dizer que quase sempre. Vestia sempre uma máscara muito bonita, alegre, reluzente. Era a máscara a sorrir. Sorria para as pessoas na rua, para a sociedade, para as obrigações da vida. Mas não um "sorriso-sorriso", sabe? Os lábios e dentes sorriam, mas não os olhos. Um sorriso que não cativava, nem contagiava. Um sorriso triste, como se tivesse apenas colado os cantos da boca mais perto dos olhos.

Foi aparecendo, ao lado dele, mais gente triste. Uma mocinha apagada, um homem esmaecido, uma criança cinzenta, um velhinho cabisbaixo. Olhos de dor. Todos tentando sorrir, fazendo o máximo de esforço para se contentarem, se conformarem. Olha só que belas roupas! Mas... por que não parecem felizes?

Não sabendo o que fazer, resolvi me aproximar do primeiro homem, o Homem Triste. Não tinha nome, nem personalidade. Que triste que era! Perguntei-lhe: "Oh, Homem Triste, por que a tristeza?

Ele, ainda sorrindo, respondeu: "É a vida. Ou deveria ser. Nada faz sentido nela, mesmo."

Perguntei-lhe sobre suas cores. Ele disse que vão apagando assim, com o tempo. Ele já até se acostumara a vê-las ir embora junto com as lágrimas, que as removiam, por isso as nódoas transparentes. Olhei-o nos olhos, que desviou de mim. Olhos sem sentido, pontilhados de interrogações. Um desmotivo, uma falta de perdão, de dignidade. Mas, ainda assim, olhos mortos, sem esperança. Não tinham nem mesmo força para expressar uma súplica, um pedido de ajuda. Olhos resignados àquela vida desgraçada. Não de passar fome, não de morrer gente, de ter doença. Tristeza de vida vazia, mesmo. Tristeza existencial, de quem não vê sentido nenhum em coisa nenhuma. Simplesmente, não tinha motivos para viver.

E continuou ali, chapéu nos olhos, olhos no chão, chão inundado de lágrimas. E o sorriso lá, imóvel. Um sorriso plástico. Para combinar com o chapéu, um par de óculos escuros. E, sorrindo, seguiu a chorar.

E todos fizeram o mesmo. A menina de vermelho, a criancinha, o ancião, o homem sem cor. É a vida. Do jeito deles, mas é a vida.

Afastei-me. Grande covarde, grande egoísta. Abandonei-os, cativos, e parti com a chave nas mãos. Quando disse que queria mudar o mundo, percebi que isso não passou de um grande clichê. Uma grande mentira. Fui covarde, sei sim. E aquela gente triste continuou triste, e seguiu triste, até desbotar-se nas trevas.

É assim, amigos, que mudaremos o mundo?

2 comentários:

Caio Bonatti disse...

Atualizei o R&G.

Lucas Oliveira disse...

É Luly. Hoje em dia, não é novidade em ver pessoas tristes. Todos os dias, algum ser humano, levanta com a tristeza à flor da pele.

Umas, têm o poder (maligno... talvez), de passar essa negatividade para outras pessoas. Sabe do que os chamo? Pessoas sem Deus no coração.

A cada dia que passa, devemos ser cada vez mais gratos ao Senho Deus, Todo Poderoso, por ter dado, mais um dia... ter liberado o fôlego para nosso corpo...

Mas parece, que isso não basta para a maioria das pessoas.
Sempre pensam em sí próprias e acabam esquecendo do próximo.

São maliciosas e astutas. São vaidosas e muquiranas.

Cadê o amor que Deus deixou? Acabou.

É uma pena essas pessoas que carregam a tristeza nos olhos, não saber aproveitar a vida, mesmo que a vida, seja feita apenas de detalhes minúsculos que não são comparados a outras maravilhas... mas se não conseguimos viver com as coisas não marcantes, jamais poderemos viver com as que marcam nossa vida para o resto dela.

E isso tudo, é falta dessas pessoas tristes, pararem, olhar para os outros e ver que ainda têm chance de caminhar até o sucesso!

Basta acreditar!

Eu? Acredito fielmente!

bjos, Luly...


Lucas de Oliveira