domingo, 15 de fevereiro de 2009

Veridiana

É mais uma daquelas raparigas que se vê todo dia por aí. Meia-idade. Nem alta, nem baixa. Nem gorda, nem magra. Se é bonita? Bom, não é feia. Os cabelos não são nem cachos rebeldes, nem liso-escorridos. Morena, nem clara, nem escura. Sua expressão é indecifrável, tamanha a indiferença do seu olhar.

Ela passa todo dia aqui pelo café, mas nunca para, nem come nada. Ela só passa. Se estuda? Não, não estuda, nem trabalha. Pelo menos, é o que eu sei dela. Me contaram que ela mora com os pais, e que passa o dia a faxinar cada canto daquele muquifo onde ela mora, ali, na General Gonçalves. Diz que tem pavor de poeira, que não quer nenhum alfinete fora de lugar. Tudo tem que estar no mesminho lugar de sempre.

Chama Veridiana, a cidadã. A gente dá bom dia, ela até olha, mas baixa o olhar em seguida. Que tipo! Mas sabe que é de dar pena, às vezes? Vai saber se não foi sofrida nessa vida, e tiraram o sonho da coitada? Por isso que ela quer tudo no lugar, do jeito que está, nada diferente: deve ser é medo de perder o nada que ela tem. "Cada um tem o que merece" é só o que ela fala pra todo mundo que pergunta.

Alá, ó, alá ela passando de novo. Nem alta, nem baixa. Nem gorda, nem magra. Nem feliz, nem triste. Resignada. Resignada a sobreviver, e só.

Um comentário:

Sarah Britto disse...

tem um selinho no my blog pra vc!!!
bjuxx

P.S.:Adoro seu blog, leio sempre que possível!