segunda-feira, 23 de março de 2009

Ressaca sentimental

Bom, a gente tinha brigado. Juro que tentei ligar, mil vezes, mas ela não atendia, de pirraça pura. A Jill não é dessas meninas que a gente derrete com um buquê de rosas e um pouco de chocolate por cima. Não, ela não é nem um pouco romântica. Pelo menos, não é descaradamente romântica, como eu. Ela é ela, e isso é o que mais gosto nela.

Não sei por que sofro tanto. Ela é uma pessoa difícil, complicada e, sim, anti-social. Talvez seja esse o motivo de eu ser o único amigo dela - amigo que virou namorado, um caso típico. Ela, no primeiro ano, eu, com um pé na faculdade. E ela pisa no meu coração de salto agulha. E isso dói, cara! Mas o pior é que eu gosto dela. Ela é tão diferente das outras meninas (é, um amor é sempre incrivelmente diferente das outras pessoas), tão madura e decidida, e com uma personalidade forte como eu nunca vi. Tão forte que me machuca, mas tão intensa que me hipnotiza. E eu sigo feliz nesse masoquismo vicioso, num capricho dela que eu levo tão a sério.

Se é verdade que os opostos se atraem, nós somos o melhor exemplo. Racionalmente falando, não temos nada a ver. Eu, o cara careta, romântico e na minha, não o bonitão nem o mais cool da escola, o varapau de 1,82m, calça skinny e polo xadrez. Ela, a descolada, a irreverente, a polêmica, a rebelde, a inteligentíssima...

a linda.

Nunca dei de gostar de garotas problemáticas, até conhecer a Jill. Acho que foi a personalidade forte dela que me atraiu, talvez a possibilidade de um pouco de ação na minha vida tão pacata, de Beatles e Rolling Stones. Ela curtia Ramones adoidadamente, mas entrávamos em consenso com Oasis. A gente ainda era só amigo e era tarde, momento exato para raiar algo mais que um lance. Foi no fim de um luau, a gente correu para a praia, ver o sol nascer. A amizade virou sede de amor, a maresia pedia abraço. Dividimos um par de fones, uma música e um beijo, o primeiro dela, o melhor da minha vida, ao som de Don't look back in anger. Dois namorados, sós, esperando pela aurora que rompia, em silêncio, curtindo a música e as sensações.

Ninguém sabe, ninguém viu, mas, de lembrar disso, uma lágrima a espatifar-se numa listra. Vermelha. Cabelos de Jill.

Será que ela está sofrendo como eu estou? Acho que não sei tanto sobre amar quanto eu pensava. Talvez porque o primeiro amor nunca acaba, deixa marcas eternas, incuráveis, inesquecíveis. Quanto mais o tempo passa, mais eu percebo o quanto ainda sou um menino. Quero ajudá-la, salvá-la de si mesma e da dor, tentar decifrá-la, entendê-la, amá-la. Embora seja tão dura e orgulhosa, sei que ela precisa de mim. E eu preciso muito mais dela. Não vou desistir, não até decifrá-la.

Disquei seu número mais uma vez.

3 comentários:

Du disse...

*SIM, FUI EU MESMA QUEM ESCREVEU O TEXTO QUE VOCÊ ACABOU DE LER. GOSTARIA QUE NÃO ME PERGUNTASSEM ISSO.'' evitou uma pergunta...

oi
lembrei um pouco de mim lendo o texto, mesmo nunca tendo vivido alguma situação parecida. acredito que talvez pelo desejo de uma situação parecida (o relacionamento, não a briga(que quase não aparece perdida nas lembranças))

desculpa se não foi original ou inteligente. abraço e sucesso pra vc

JoJo x disse...

tipz, eu sempre me identifico com teus textos, porque eles são lindos
adoro o geito que você escreve, você devia ser escritoa ;P
amo seu blog, bjsmeliga

C. disse...

Liindo :~
se Jules e Jill fosse um livro,
eu compraria certo e praticamente "devoraria" *.*
Beijos