"Londres, 21 de setembro de 1978.
Peter, você vai me fazer tanta falta.
Mesmo que eu nunca tenha tido coragem de falar com você direito. Mesmo que você tenha sido, até hoje, o melhor amigo que eu já tive. Mesmo que você me visse como um "cara de saia", como você dizia. Mesmo que eu te visse como o homem da minha vida.
Tá bom, eu só tenho quatorze anos. Minha mãe disse que ia passar, que essas coisas acontecem, e são complicadas, mesmo. Mas é que, quando eu olhava pra você, me dava um medo, e um frio na barriga. E você nunca me deu um beijo. Um beijo! Como eu sonhei com isso. Como eu sonho! Mas acho melhor não sonhar mais.
A verdade é que eu tive medo. Medo de não dar em nada. Medo de dizer o quanto eu gosto de quando a gente come pizza, largados no jardim, até duas, três da manhã, falando besteira e dando risada. Medo de trombar com você na escola e ficar vermelha. Medo de continuar sentando com você na aula de biologia, e você descobrir tudo. Medo de você descobrir que eu choro antes de dormir, por sua causa. Medo de contar o único segredo que você ainda não sabe sobre mim: eu te amo, Peter.
As coisas se vão tão rápido, mas a gente não. A gente ficou pra sempre ali, em algum lugar incerto, e eu sabia que dali não sairia nunca mais. Eu não dormi mais, pra não ter que sonhar com o passado, com o modo com que você me olhava, com o seu modo de torcer as mãos enquanto falava, com a sua respiração em meus ouvidos, com aquele seu sorriso torto e sem graça. Se sonhasse com o futuro que planejei, seria pior, pior, pior ainda.
Mas as coisas passam. E, se não passarem, também, eu não me importo. Eu sei que não vai passar, mas a gente se acostuma com dores crônicas e agudas no fundo da alma. E, pra falar a verdade, não tive coragem de jogar aquela caixa fora de jeito nenhum. É uma caixa enorme, onde eu guardo todos os papeis de bombom que você me deu, os bilhetinhos da aula e o LP do ABBA. Isso eu nunca contei pra você.
Mesmo que você esteja indo embora amanhã, pro outro lado da Inglaterra, e que tudo não tenha passado de uma ilusão, me sinto meio feliz por sofrer agora, já que, pelo menos, eu vivi. Eu amei. E eu ainda amo, e vou amar pra sempre. Não sei se a vida quis assim, mas talvez tenha sido melhor. A gente vai tentando viver de novo aos poucos, passo por passo. E, mesmo que a gente nunca mais se veja de novo, eu vou sempre me lembrar de você, de como você me mostrou o amor e a amizade.
Acho mesmo é que você nunca vai encontrar esta carta. Talvez eu nunca a mande. Não quero te confundir, nem interferir na sua escolha. Preciso me conformar, embora não queira e saiba que não conseguirei.
Mesmo que você esteja indo embora amanhã, pro outro lado da Inglaterra, e que tudo não tenha passado de uma ilusão, me sinto meio feliz por sofrer agora, já que, pelo menos, eu vivi. Eu amei. E eu ainda amo, e vou amar pra sempre. Não sei se a vida quis assim, mas talvez tenha sido melhor. A gente vai tentando viver de novo aos poucos, passo por passo. E, mesmo que a gente nunca mais se veja de novo, eu vou sempre me lembrar de você, de como você me mostrou o amor e a amizade.
Acho mesmo é que você nunca vai encontrar esta carta. Talvez eu nunca a mande. Não quero te confundir, nem interferir na sua escolha. Preciso me conformar, embora não queira e saiba que não conseguirei.
Sempre tua,
Janis."
Achei essa carta no fundo da gaveta. Me matei de rir! Quanta ilusão a gente tem quando temos quatorze anos! Mas que bobagem! Ainda bem que eu nunca enviei esta carta, imaginem só!
E não é que, no fim, eu acabei casando com ele?!
Ouvindo: I will be - Avril Lavigne
2 comentários:
HAHA. Eu também acho graça das besteiras que eu escrevia quando era mais nova. É muito clichê isso. Mas, meu, você é da Inglaterra! Putz! Sou doida pra conhecer a Inglaterra!
ai que linduuu....
qm nunca escreveu e nao mandou....
bjuuu!!
tenha um otimo fds!!
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