Toca uma vez.
Atende, caramba.
Duas. Mas já faz três dias que a gente brigou!
Três. Vou esperar mais três.
Quatro. Tô perdendo tempo.
Cinco. Juro que esta foi a última vez que...
- Oi.
A voz de Jill não parecia tão seca desta vez. Já minha garganta...
- É... oi. Oi, Jill. Será que a gente pode, tipo, conversar? Sabe como é que é, né... já faz três dias e... e...
Droga, nunca sei como tocar em assuntos delicados.
- Você vem aqui?
É impressão minha, ou ouvi um sorriso em sua voz?
Peguei a jaqueta e saí em disparada. A gente só morava a dois quarteirões de distância, mesmo - então, poderia acabar logo com aquilo.
Achei melhor não gritar seu nome como sempre fazia, apesar do enorme desespero que tomava conta de mim. Eu e a minha menina, de novo - será? Será que, afinal, eu merecia uma chance? Ela é quem não merecia. Mas não importa - eu a amava!
A porta se abre. Lá está minha menina, com seus cabelos de fogo, com suas meias três quartos, meio furadas no dedão, com sua camiseta velha e esgarçada, e um contrastante brilho cor-de-rosa nos lábios, abertos em um sorriso sem jeito.
Mas não sem graça.
- Oi, Jill.
Ela reprimiu um beijo. Mas, pela primeira vez e a muito custo, pareceu ceder um milímetro.
- Me. Perdoa. Tá?
E, lançando-se a mim, escondeu o rosto em meu ombro. Tão frágil, tão inocente, tão infantil. No fundo, era essa a Jill que existia por trás daquela fachada rebelde e revolucionária. Uma Jill que amava, mas não conseguia demonstrar. E eu era todo seu, pronto a entregar-lhe todo o meu amor.
E a gente não falou mais nada. Eu conhecia a orgulhosa, a teimosa, a impertinente da Jill. Mas o que importava? Eu a amava! Mais me faria sofrer sua ausência a sua impertinência. Mais me faria falta essa vida toda que ela me passa, essa paz tempestuosa que via em seus olhos. Eu era bobo, sim - bobo por ela. Mas meu amor era sincero, sempre foi.
E nos sentamos no muro, como fazíamos todas as sextas antes que seus pais a chamassem, falando de tudo e de nada, da falta que fizemos um ao outro e do ralado novo no joelho dela - despenteados, mãos dadas, lua nova, e a maior felicidade do mundo estampada na cara.
Atende, caramba.
Duas. Mas já faz três dias que a gente brigou!
Três. Vou esperar mais três.
Quatro. Tô perdendo tempo.
Cinco. Juro que esta foi a última vez que...
- Oi.
A voz de Jill não parecia tão seca desta vez. Já minha garganta...
- É... oi. Oi, Jill. Será que a gente pode, tipo, conversar? Sabe como é que é, né... já faz três dias e... e...
Droga, nunca sei como tocar em assuntos delicados.
- Você vem aqui?
É impressão minha, ou ouvi um sorriso em sua voz?
Peguei a jaqueta e saí em disparada. A gente só morava a dois quarteirões de distância, mesmo - então, poderia acabar logo com aquilo.
Achei melhor não gritar seu nome como sempre fazia, apesar do enorme desespero que tomava conta de mim. Eu e a minha menina, de novo - será? Será que, afinal, eu merecia uma chance? Ela é quem não merecia. Mas não importa - eu a amava!
A porta se abre. Lá está minha menina, com seus cabelos de fogo, com suas meias três quartos, meio furadas no dedão, com sua camiseta velha e esgarçada, e um contrastante brilho cor-de-rosa nos lábios, abertos em um sorriso sem jeito.
Mas não sem graça.
- Oi, Jill.
Ela reprimiu um beijo. Mas, pela primeira vez e a muito custo, pareceu ceder um milímetro.
- Me. Perdoa. Tá?
E, lançando-se a mim, escondeu o rosto em meu ombro. Tão frágil, tão inocente, tão infantil. No fundo, era essa a Jill que existia por trás daquela fachada rebelde e revolucionária. Uma Jill que amava, mas não conseguia demonstrar. E eu era todo seu, pronto a entregar-lhe todo o meu amor.
E a gente não falou mais nada. Eu conhecia a orgulhosa, a teimosa, a impertinente da Jill. Mas o que importava? Eu a amava! Mais me faria sofrer sua ausência a sua impertinência. Mais me faria falta essa vida toda que ela me passa, essa paz tempestuosa que via em seus olhos. Eu era bobo, sim - bobo por ela. Mas meu amor era sincero, sempre foi.
E nos sentamos no muro, como fazíamos todas as sextas antes que seus pais a chamassem, falando de tudo e de nada, da falta que fizemos um ao outro e do ralado novo no joelho dela - despenteados, mãos dadas, lua nova, e a maior felicidade do mundo estampada na cara.
Um comentário:
Muito bonito . Acho legal quando as pessoas se perdoam, mesmo tendo sido algo sério. Adorei. :)
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